
Importantes
intelectuais da esquerda pequena-burguesa têm se manifestado sobre a
situação política brasileira no último período de forma bastante
apaixonada, demonstrando desorientação e até desespero.
O
professor da USP e FESPSP, Aldo Fornazieri, criticou a Nota do Partido
dos Trabalhadores sobre o caso Aécio, pedindo a prisão deste último,
enquanto o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira defendeu o golpe
militar.
O PT corretamente, na Nota sobre o caso Aécio,
colocou-se contra a interferência do Poder Judiciário e do Ministério
Público no Senado, no Poder Legislativo, em defesa de mandato popular,
obtido nas urnas, por meio do sufrágio universal, do voto, mandato esse
que somente pode ser retirado pelo povo ou por seus representantes.
Logicamente, sem defender minimamente a posição e atuação política de
Aécio Neves.
A Tendência Marxista-Leninista ressalva que, embora
concorde com boa parte da Nota do PT, delimita-se quanto ao seu tom de
apologia da democracia burguesa e do Estado Democrático de Direito,
porque nós marxistas revolucionários entendemos que a democracia
burguesa mais avançada não passa de uma ditadura do capital.
Tanto
que, no caso do Brasil, os membros do Poder Judiciário e do Ministério
Público não são eleitos, não se submetem ao sufrágio universal, ao voto,
sendo que são os instrumentos principais do golpe que derrubou do poder
a presidenta Dilma Rousseff.
O Poder Judiciário
historicamente, apenas para exemplificar, entregou Olga Benário aos
nazistas, participou de todos os golpes de estado no Brasil, tendo
convivido harmonicamente com os militares, durante os 25 anos que durou a
ditadura.
O professor Fornazieri conhece muito bem essa
história! O professor Fornazieri sabe que a Operação Lava Jato foi
concebida pela CIA e pelo imperialismo norte-americano para derrubar o
governo do PT, atacar a CUT e os sindicatos e impor a recolonização e
escravidão do Brasil, usando o Poder Judiciário e o Ministério Público,
com juízes, procuradores e promotores tendo atuação política, ao arrepio
de suas Leis Orgânicas que vedam a participação política, com atuação
midiática da Polícia Federal em conluio com o monopólio da imprensa
burguesa.
Além disso, a exemplo do que fazem os Estados Unidos, o
Poder Judiciário tem usado abertamente a tortura, como em Guantánamo,
com a utilização das “prisões cautelares” (“temporárias” e
“preventivas”) sem culpa formada, isto é, sem acusação nenhuma, sem o
devido processo legal. Isto também o professor Fornazieri sabe!
Outro
absurdo: o professor defende o fim do foro privilegiado nos casos de
crime comum. Um equívoco muito sério, pois não se trata do “foro
privilegiado”, mas de prerrogativa de foro. É uma garantia democrática
do mandato popular.
O professor esquece que a burguesia e o imperialismo
norte-americano quando têm interesse de perseguir não vão alegar crime
de opinião, dizendo que o deputado ou o senador são de esquerda, são
revolucionários, são contra as Reformas política, tributária,
trabalhista e previdenciária, por exemplo, mas “acusam” de corrupção,
de roubo, formação de quadrilha, que são crimes comuns, ou até
“pedaladas fiscais” ou “conjunto da obra” (embora nestes casos queiram
caracterizar crime de responsabilidade), como fizeram com Dilma Rousseff.
Fornazieri na sua argumentação para a prisão do Senador Aécio
até parecia a Janaína Paschoal e o Miguel Reald Júnior, parecia
professor de faculdade de direito e não professor de escola de
sociologia e política.
Essas posições do professor Fornazieri,
com certeza, o levarão em breve a percorrer o caminho de outro professor
da esquerda pequeno-burguesa, o Moniz Bandeira, que está defendendo o
golpe militar, com ilusão de que há um setor nacionalista nas Forças
Armadas, quando sabemos que estas professam a Doutrina de Segurança
Nacional, da época da ditadura militar (formulada pelo imperialismo
americano) que apenas enxerga inimigos internos, ou seja, a maioria
oprimida nacional, sobretudo o povo pobre da periferias das cidades que
estão sendo assassinados pela Polícia Militar, e os camponeses e os
povos indígenas que estão sendo assassinados e exterminados pelos
jagunços dos latifundiários, agora com a participação do Exército, como
no Rio de Janeiro.