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Chile: construir o partido operário revolucionário


© foto: Ivan Alvarado

O Chile recentemente viveu uma situação pré-revolucionária que, infelizmente, foi canalizada para uma política eleitoreira e parlamentarista, em razão da ausência de um partido operário marxista revolucionário. O atual governo chileno, dirigido pelo ex-líder estudantil Boric, caracteriza-se por sua política pequeno-burguesa democratizante pró-imperialista, semelhante ao Podemos espanhol, o Siryza grego, e o NPA francês, sendo o PSOL a versão brasileira.

A política que esses partidos implementam no poder é de submissão ao capital financeiro, ao imperialismo. Além disso, apoiam políticas tipo a Lava Jato, polícia “pacificadora” nas favelas como o faz o deputado Freixo, ex-PSOL, cumprem contratos, com a burguesia e o imperialismo, e também aplainam o caminho para a reação, como fizeram os governos do PT, que é o exemplo mais acabado da política de conciliação e colaboração de classes no Brasil.

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Todavia, essa política democratizante não tem perspectiva por causa da profunda crise capitalista econômica, sanitária e ambiental sem precedentes em que vivemos, com desindustrialização, transformação da maioria dos trabalhadores no exército industrial de reserva, especulação financeira, aumento descontrolado do capital fictício, exacerbação da concentração de capital, recolonização e escravidão da população dos países semicoloniais e atrasados da América Latina, da África, Oriente Médio, etc.

O atual governo chileno cumpre um papel importante nesse momento para preservar as instituições do Estado burguês, abaladas pela mobilização dos trabalhadores e estudantes chilenos no período anterior.

As Forças Armadas, o imperialismo e a burguesia chilena não têm, na conjuntura atual, a intenção de substituir através de um golpe o governo pequeno-burguês de Boric, porque a atual situação política é distinta da época de Allende. Em 1973 havia Conselhos Operários, órgão de duplo poder, os quais colocavam em risco a dominação burguesa num contexto revolucionário.

Atualmente no Chile, ao contrário, vivemos uma saída institucional pequeno-burguesa, por meio de uma constituinte e de um processo eleitoral. O governo de Boric cumpre esse papel de consolidar as instituições burguesas ameaçadas pelas mobilizações dos trabalhadores e estudantes.

Ao que tudo indica, a burguesia chilena e o imperialismo, pelo menos no momento, não vão se lançar numa aventura golpista imediata. As ameaças de hoje, do comandante das Forças Armadas contra a nomeação de uma neta de Allende para o Ministério da Defesa têm mais o objetivo de bem disciplinar a limitada direção democratizante que ocupa o poder no Chile, chantageando-a.

Outra coisa é que, em razão da crise sem precedentes do capitalismo, a burguesia e o imperialismo não têm condições de suportar um governo de mínimas reformas ou de melhorias. Assim, após a consolidação da saída institucional, a burguesia chilena e o imperialismo, com certeza, vão tentar descartar o governo democratizante, como fizeram no Brasil e em outros países semicoloniais.

O problema chileno segue sendo a ausência de uma alternativa revolucionária, de uma direção revolucionária, ou seja, a ausência de um partido operário marxista revolucionário e da Internacional operária comunista e revolucionária, que defenda a independência nacional, a expulsão do imperialismo, combinada com a revolução e reforma agrária, na perspectiva do socialismo, da expropriação dos meios de produção e monopólio do comércio exterior.

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