A experiência vitoriosa dos estudantes secundaristas e professores de São Paulo, que deram uma aula, derrotando o governo do PSDB tucano de Geraldo Alckmin, impedindo a “reorganização escolar”, eufemismo para o ajuste fiscal estadual, ou seja, fechamento de escolas e demissões de professores, onde, na prática, materializou-se a frente única do anti-golpista vitoriosa do PT, PCdeB, PSOL, PCO, CUT, CTB, UBES, UNES, MTST, MST, movimentos populares e sociais, tal experiência deve ser seguida, reforçada e amplificada em nível nacional, na luta contra o golpe (“impeachment”) da burguesia e do imperialismo norte-americano.
É preciso ter claro que o golpe é um processo. O golpe militar de 1964, começou em 1954, contra Getúlio. Depois em 1961, houve a “renúncia” de Jânio Quadros e a "Emenda parlamentarista" para a assunção de João Goulart. Depois, de 1964, houve o “golpe dentro do golpe”, o chamado Ato Institucional n. 5 (AI5). Se houver capitulação, não houver resistência, o golpe poder sair vitorioso, como o golpe “parlamentar” no Paraguai, que depôs o presidente Fernando Lugo. Se o golpe for enfrentado, ele pode ser derrotado, como recentemente (em termos históricos) aconteceu na Venezuela, quando Chaves foi deposto e, em razão da resistência popular, ele retornou ao poder. Além disso, um golpe bem enfrentado, como no caso do General Kornilov, na Rússia, em 1917, onde os bolcheviques de Lênin fizeram frente única com Kerenski, pode desembocar numa situação revolucionária.
Por outro lado, infelizmente quando o movimento operário e popular não consegue fazer a frente única operária anti-golpista e anti-fascista as derrotas têm consequências gravíssimas, tornando-se uma tragédia.
É importante, neste mês de janeiro, que coincide com a data da fundação do Partido Nazista alemão, em 1919, e a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha, em 1933, porque o Partido Comunista alemão recusou-se a fazer a frente única operária com o Partido Socialista, chamando-os de sociais-fascistas, a chamada “Teoria do Social-fascismo”, façamos um profunda reflexão sobre essa tragédia para o proletariado mundial, que custou milhões de vidas de russos, poloneses, ingleses, alemães, austríacos, franceses, ciganos, judeus, homossexuais, e muitos outros povos.
Conforme recentemente lembrou Rui Costa Pimenta, dirigente do Partido da Causa Operária (PCO), na época Trotsky dizia que quando se diz que tudo é igual, por trás há capitulação, porque para o materialismo dialético, o socialismo científico, nada igual. Os companheiros das do PSTU e das organizações satélites repetem o mesmo erro do PC alemão, quando dizem que PT e PSDB são iguais. O PS alemão não era igual ao fascismo.
Inclusive o PSTU, MRT/LER-QI, LBI, MNN, POR, chegam a flertar com o golpe, usando a “pauta” da imprensa burguesa e pró-imperialista da corrupção, como se no regime capitalista não vigorasse a Lei de Gerson (jogador de futebol da Seleção brasileira, que fazia a propaganda de cigarros, com o bordão de que “gosto de levar vantagem em tudo”), o chamado lucro, a lei do valor, da corrupção, a extração da mais-valia, da exploração do homem pelo homem. Chegam até mesmo participar das manifestações “coxinhas”, da direita e da extrema-direita.
Essa atitude é semelhante ao que fez o PC alemão, quando procurava “pauta”, “coincidências” com o nazismo, como nos ensina , Osvaldo Coggiola, no seu trabalho “TROTSKY, A ASCENSÃO DO NASZISMO E O PAPEL DO STALINISMO”:
“Junto ao SPD (Partido Socialista – E.W.), teria dito todas as chances de barrar os nazistas, mas a sua política divisionista (denúncia do SPD como “social-fascista”) foi tal que levou o historiador R. T. Clark a refletir: “É impossível ler a literatura comunista da época sem sentir calafrios diante do desastre a que leva um grupo de homens inteligentes à recusa de usar a inteligência de modo independente.” O KPD (Partido Comunista alemão – E.W.) insistia na procura de temas comuns com os nazistas (contra Versalhes, pela “independência nacional, contra os bonzos) até usar uma terminologia semelhante (“revolução popular”). Chegou a afirmar que antes de combater o “fascismo”, era preciso combater o “social fascismo” (o SPD), propondo então a “frente única pela base” aos operários social-democratas. No conjunto, a sua política era definida pelo dirigente da Internacional Comunista, Manuilski: “O nazismo será o último estágio do capitalismo antes da revolução social”...
(..). Enquanto os partidos comunistas “stalinizados” consideravam a vitória nazista
como um “mal menor”, Trotsky já advertia sobre a horrenda originalidade do novo tipo de contra-revolução, em 1932: “O fascismo põe em pé aquelas classes imediatamente acima do proletariado, e que vivem com receio de serem obrigadas a cair em suas fileiras; organiza-as e militariza-as às custas do capital financeiro, com a cobertura do governo oficial (...). O fascismo não é apenas um sistema de represálias, de força brutal, de terror policial. O fascismo é um determinado sistema governamental baseado na erradicação de todos os elementos da democracia proletária dentro da sociedade burguesa”.
(...) Bem antes da “semiologia” nascer, Trotsky advertia que “se os caminhos do inferno estão cheios de boas intenções, os do III Reich estão cheios de símbolos”, pois “se todo pequeno-burguês encardido não pode virar Hitler, uma parte deste se acha em todo pequeno-burguês encardido”.
Para tanto, a Tendência Marxista-Leninista faz um chamamento especial às direções e aos militantes do PSTU, PCB, PPL, MRT/LER-QI, LBI, POR e do MNN, da CSP-Conlutas, Força Sindical (os companheiros do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, pertencente à Força Sindical, já estão conosco no Comitê de Luta contra o golpe no Grande ABC paulista), CGTB, que se somem à luta anti-golpista, levantando conosco bem alto as reivindicações transitórias da classe operária contra o ajuste fiscal, para barrar a terceirização e as MPs 664 e 665 (que reduzem pensões, aposentadorias, e o seguro-desemprego, etc.), escala móvel de salários (reajuste automático de salários de acordo com a inflação); redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; fim das demissões, estabilidade no emprego; não aos cortes dos programas sociais, e fim do congelamento dos vencimentos dos funcionários públicos, e em defesa da Petrobras e da expropriação da Samarco (Vale + BHP Billiton).
Erwin Wolf
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