*Por Leonardo Silva/ © foto: Ricardo Stuckert
A histórica entrevista do presidente Lula concedida à Folha de São Paulo e ao El País no último dia 26, direto de dentro da masmorra nas dependências da PF em Curitiba foi o resultado de uma profunda divisão entre os setores golpistas do judiciário, particularmente o STF versus a Lava-jato e mais diretamente os bolsonaristas. Após a censura a página de extrema-direita "O antagonista", de iniciativa do ministro Alexandre de Moraes, a crise levou o recuo do STF, que em contrapartida revogou a decisão do ministro Luiz Fux que censurava o direito de Lula a conceder entrevistas. Diga se de passagem, o ataque de Moraes ao Antagonista mostra que apesar de ter sido alçado ministro do STF pela mão da Lava-jato após o golpe de estado de 2016, Moraes conserva o vínculo com a direita tradicional figurada no PSDB e MDB, contra os quais lavajateiros e bolsonaristas buscam ganhar terreno no controle do estado.
Mas a decisão do presidente do STF Dias Toffoli, que por certo só foi permitida com aval dos militares, não deve deixar brecha para nenhum tipo de ilusão, pois veio exclusivamente com o intuito de usar Lula como arma contra a Lava-jato e os setores bolsonaristas militantes. Mas por mais limitada seja a concessão, Lula não desperdiçou a arma empunhada em suas mãos e abriu fogo contra a Lava-jato, denunciando o imperialismo como autor de sua prisão política, o envolvimento do departamento de justiça dos EUA e seus lacaios no Brasil, Dallagnol do "PowerPoint" e Sérgio Moro, o homem do "Conje". Com a clareza política, objetividade e combatividade de poucos na esquerda, Lula denuncia sua prisão como uma etapa do desenvolvimento do golpe de estado perpetrado em 2016, e o projeto de criminalização Partido dos Trabalhadores. Denunciou o entreguismo desenfreado, hediondo e obsceno do governo Bolsonaro, o qual qualificou de "Governo de malucos", que leva o país, nas palavras do ex-presidente, a um nível de a avacalhação jamais visto na história e desmascara as mentiras a cerca da contra-reforma da previdência como uma operação criminosa de roubo da aposentadoria dos trabalhadores para favorecer banqueiros como os do Santander, Itaú e Bradesco.
O pronunciamento de Lula a nação, mesmo ignorado pela imprensa capitalista golpista chefiada pelas organizações Globo, quebra pela base a paralisia das direções de grande parte da esquerda que insistem em se fazer de cegas ante a insatisfação popular que demonstrou, sobre tudo no carnaval, que quer por abaixo o governo Bolsonaro resultado da fraude eleitoral de 2018 com o principal candidato preso ilegalmente e impedido de concorrer e não será possível esperar até 2022 com o país governado por malucos.
O chamado do ex-presidente à luta contra a reforma da previdência exige um período de mobilização de todos os setores populares, de modo a aproveitar a debilidade do governo antes que a burguesia supere as divisões e o reorganize de alguma medida para que se torne estável, submetendo o povo a uma ditadura de profunda miséria e um país de terra arrasada. O presidente Lula chama à luta deixa claro que a hora do enfrentamento é agora, por uma greve geral por tempo indeterminado e pela grande mobilização popular que deve ter como programa de luta central, no eixo das reivindicações, a as palavras de ordem Lula Livre e Fora Bolsonaro!
Goiânia , 29 de Abril de 2019
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