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França: Apenas a greve geral pode derrotar o governo

A Tendência Marxista-Leninista publica abaixo o artigo do Groupe Marxiste Internationaliste (GMI), da França, que faz parte da organização internacional Coletivo Revolução Permanente (CoReP), juntamente com o Gruppe Klassenkampf (GKK, Grupo Luta de Classes), da Aústria, e Revolução Permanente, do Peru. A TML é simpatizante do CoReP.

A tradução portuguesa é de responsabilidade exclusiva da TML, sendo que para maior segurança, tendo em vista a nossa insuficiência linguística, sugerimos seja consultado o Blog do Groupe Marxiste Internacionaliste (GMI).

Apenas a greve geral pode derrotar o governo

O governo deu mais um passo

Em 14 de junho, pelo menos 500.000 manifestantes marcharam em Paris, também nas províncias, além de manifestações em muitas cidades. Apesar desta nona chamada para um dia de ação (depois de 09 de março, 31 de março, 09 de abril, 28 de abril 12 de maio 17 de maio, 19 de maio, 26 de maio), sem mais perspectiva do que anterior, houve ainda manifestações impressionantes que se reuniram em torno da palavra de ordem retirada total da lei El Khomri (ministra do trabalho da França – Nota de Erwin Wolf).

No entanto, o governo imediatamente reafirmou que à noite ele não iria recuar uma polegada. Por que ele? Após a traição aberta da CFDT, depois de um declínio na direção da UNEF contra um prato de lentilhas, as lideranças sindicais CGT, FO, FSU e Solidaires desencadearam greves renováveis por setor ou por sítio, deixando os trabalhadores  lutarem batalhas isoladas, sem nunca abrir a perspectiva de uma greve geral para derrotar o governo.

Assim as longas greves das refinarias foram golpeadas uma após a outra. Os líderes dos sindicatos dos trabalhadores das estradas foram assegurados de que o seu acordo coletivo "não seria alterado” e imediatamente parou o movimento; um acordo de empresa foi encontrado na estrada de ferro com a participação de todos os dirigentes sindicais eleitos, incluindo aqueles que, como a CGT e SUD Rail, pretendem opor-se; nos depósitos de combustível piquetes foram impedidos pelos CRS sem que nunca a Intersindical chamasse a classe trabalhadora para vir e defendê-los.

A manifestação na capital foi imponente, mas ela nunca transbordou os limites dos dirigentes sindicais com o grito de "greve geral". Nenhuma força política significativa afirmou o socialismo e defendeu essa perspectiva. Nem o PS "rebelde" ou o PdG ou o PCF ou LO ou o NPA, ou qualquer um dos POI ou G, vão enfrentar os dirigentes sindicais para impor a chamada da greve geral para todos juntos derrotar o governo.

O governo não só não diminuiu, mas deu um passo adiante, usando a casualidade, realmente, o apedrejamento do Hospital Necker por bandidos, para seus objetivos e de seus aliados para ameaçar e proibir manifestações e agora intimar a CGT  para policiar suas fileiras. Na realidade, o governo sabe quem são os desordeiros. O que o preocupa não são os baderneiros que se beneficiam de uma incrível liberdade de ação, mas sim os estivadores que, em 14 de junho, entraram em confronto com GRS que os impediram de passar.

Em 17 de junho, Martinez da CGT reuniu-se com a ministra do trabalho El Khomri. Apesar de todas as tentativas para tentar encontrar um fórum de discussão, pela Delegação da CGT, da proposta da retirada definitiva da lei, mas a ministra El Khomri não desiste de discutir artigo por artigo, isso não impediu Martinez na saída considerar o encontro mantido como "construtivo". Mailly da FO, por sua vez, garante que ele está em contato constante com o governo, enquanto afirma que "se o diálogo social é retomado, os protestos vão parar" (France Info, 15 de Junho).

Apenas a greve geral pode derrotar o governo

Em resposta à escalada do governo depois de 14 de junho, Martinez e a Intersindical mantiveram novos dias de ação de 24 horas nos dias 23 e 28 de Junho e confiam na polícia Valls (primeiro-ministro da França Manuel Valls – Nota de Erwin Wolf) para garantir a segurança dos manifestantes.

A recusa da greve geral, as decisões das lideranças sindicais de greves de 24 horas repetidamente e dispersas greves renováveis já levaram à derrota em 2003 e 2010. No entanto, o resultado da batalha travada por milhões de trabalhadores, desempregados, estudantes e alunos do ensino médio para a retirada da Lei Holland-Valls-El Khomri ainda não está selado. A fraqueza do governo e o apoio esmagador do proletariado na luta iniciada em março têm impedido Holande e Valls de proibir as manifestações.

O fracasso do movimento sobre as pensões em 2010, os mesmos desvios hoje reduziram os movimentos dos trabalhadores por mais de 5 anos, trazendo desânimo, permitindo que o partido fascista crescesse. A burguesia sabe toda a vantagem que ela tem impondo uma nova derrota à classe operária, todos os novos contratempos que pode impor. É por isso que Valls e Hollande ameaçam proibir manifestações, porque Sarkozy reclama a perseguição penal e civilmente da CGT e a punição dos manifestantes.

Se a classe trabalhadora e a juventude impuserem sobre as direções atuais a greve geral, o governo provavelmente capitulará em campo aberto. O tempo é curto. Nos sindicatos, nas assembleias gerais, trabalhadores, trabalhadoras e jovens devem impor:

• greve geral até a retirada do projeto de lei!

• comitês de greve e eleição de coordenação local, regional e nacional para a base controlar o movimento!

• autodefesa das ocupações e das manifestações!

21 de junho de 2016

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