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Julgamento golpista anunciado

A farsa do julgamento político de Lula será realizada amanhã, dia 24 de janeiro, em Porto Alegre, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sendo que todos já sabem o resultado. É um jogo de cartas marcadas. Só o fato do julgamento antecipado demonstra o caráter político de perseguição ao ex-presidente.

Com certeza será a primeira vez que os desembargadores vão "trabalhar" de manhã cedo, às 8h30min, horário do início do "julgamento".

O judiciário é formado por usurpadores elitistas e reacionários, que não se submetem ao sufrágio universal, ao voto, sendo vitalícios, pensam e têm certeza que são deuses. 

A toga tem se transformado num superpoder desde que participou ativamente do golpe que destituiu a ex-presidenta Dilma Rousseff do PT (Partido dos Trabalhadores).

A sua participação iniciou-se com o ativismo do juiz de Curitiba, que passou por cima da Constituição Federal e da Lei Orgânica da Magistratura, para tornar-se um líder golpista, com a cumplicidade do conjunto dos magistrados e sobretudo do Supremo Tribunal Federal, que historicamente participou de todos os golpes neste País, sendo que tem na sua capivara (lista de crimes perpetrados, no popular), a entrega de Olga Benário aos nazistas, a Hitler.

Curitiba transformou-se na Nova Guantánamo, com prisões cautelares (temporárias e preventivas) com o objetivo de torturar as pessoas, sem culpa formada, isto é, sem acusação formal, tem total violação do devido processo legal. 

Além disso, conduções coercitivas ao arrepio da lei, já que pessoas que nunca haviam se recusado a comparecer em juízo foram conduzidas de forma forçada e de forma espalhafatosa pela Polícia Federal, a polícia política do golpe, as nossas SS nazistas.

O judiciário golpista praticamente não deixou Dilma Rousseff governar, intervinha em tudo, como, por exemplo, quando da indicação de Lula para o ministério.

Ao mesmo tempo, o STF passou a rasgar a Constituição capítulo por capítulo, como no caso do fim do princípio da presunção de inocência, da separação e independência dos poderes, caminhando até no sentido de forjar a distribuição dos processos na Corte para que caíssem com determinado ministro, etc. etc.

O imperialismo e a burguesia, no começo de 2017, tentaram substituir o governo golpista de Michel Temer, do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – hoje MDB), elegendo de forma indireta no Congresso Nacional um governo mais pró-imperialista do PSDB (Partido da Socialdemocracia Brasileira) ou do DEM (Democratas), mas houve uma reação das demais facções da burguesia brasileira, com o apoio inclusive do Partido dos Trabalhadores (seus dirigentes disseram que “viraram a página do golpe”), sempre com sua política reformista de conciliação e colaboração de classes, reação essa que manteve o golpista Temer no poder. 

Todavia, o imperialismo, por meio da CIA, do FBI, do Departamento do Estado, da Embaixada norte-americana (com seus embaixadores “espalha golpe”), a burguesia pró-imperialista (PSDB e DEM) e o alto comando do Exército (dizem que estão de prontidão!) seguem sua estratégia de ataque aos trabalhadores e da maioria oprima nacional utilizando o judiciário (e também de forma auxiliar o Ministério Público) como ponta de lança do golpe.

Agora, neste momento do governo golpista de Michel Temer, o judiciário segue sendo a ponta de lança do golpe, interferindo em tudo, até na indicação de ministro como fizera com Lula (isso não quer dizer que estamos defendendo a golpista Cristiane Brasil), vem adquirindo contornos semi-bonapartistas, ou seja, vai (se transformando em uma ditadura, que pretende arbitrar entre as classes sociais fundamentais, a burguesia, o proletariado e o campesinato pobre, principalmente com o objetivo de conter a ascensão destes últimos.

Lula será condenado, na verdade, por sua liderança do movimento operário e popular e pelo fato da crise capitalista mundial de 2008 ter chegado de forma retardatária ao Brasil em 2013, crise essa que não permite o retorno de um governo reformista do PT, apesar da limitação das reformas petistas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, etc..  Com a crise mundial, não há mais a bonança das commodities, como minério de ferro, soja, carne, etc., com preços elevados no mercado internacional.

A crise brasileira é gigantesca, com um rombo nas contas públicas em torno de 150 bilhões de reais, mais de 13 milhões de desempregados pelos índices oficiais falsos, sendo que, na verdade, giram em torno de 20 milhões de desempregados, com a 3ª população carcerária do mundo, em torno de 700.000 pessoas. Agora a população brasileira corre o risco de ser dizimada em razão da volta de doenças erradicadas há muito tempo, como a febre amarela, além da dengue, em razão do desmantelamento dos serviços de saúde e do SUS pelos golpistas.

Para a burguesia e para o imperialismo vige o ditado popular: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Assim, a burguesia deu o golpe não foi por acaso, mas para tentar reverter a queda da taxa de lucro e jogar todo o peso da crise do capitalismo moribundo sobre os trabalhadores, retirando todos os seus direitos como os trabalhistas e previdenciários, bem como se apropriando das riquezas e das empresas nacionais como a Petrobrás (Pré-sal) , a Floresta Amazônica, o Aquífero Guarani, etc. etc. etc. 

À farsa do julgamento de Lula seguirá a farsa da eleições presidenciais

As últimas eleições municipais foram antidemocráticas, totalmente controladas e sangrentas, com 45 atentados e 26 mortes, como nas eleições presidenciais anteriores, realizadas em 2014, onde ocorreu a morte do ex-governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, perto da Base Aérea situada na cidade do Guarujá, onde caiu o seu avião. Nas eleições de 2016, sequer houve tempo para propaganda eleitoral, apenas mais ou menos 45 dias. 

Como sempre acontecem em conjuntura de golpe, em 2016 ganharam os partidos golpistas, como na época da ditadura militar, ganhavam a ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), os partidos da ditadura. 

Da mesma forma, agora nas eleições presidenciais, caso não haja um ascenso do movimento de massas, as eleições presidenciais de 2018 poderão ser até piores do que as municipais de 2016, ou seja, mais antidemocráticas, mais controladas e mais sangrentas, sem falar que em razão do aprofundamento da crise econômica e política que vive o Brasil, não está descartada uma intervenção militar, um golpe militar.

Convocar um Congresso de base da classe trabalhadora

O movimento operário e popular encontra-se paralisado em razão de sua direção burocrática e pelega, que vive basicamente dos aparatos dos sindicatos, e sustenta o regime golpista, traindo e contendo a enorme disposição de luta dos trabalhadores por suas reivindicações imediatas e por seus direitos trabalhistas e previdenciários.

As direções burocráticas e pelegas não mobilizam os trabalhadores, em razão das pressões destes, apenas realizam paralisações de 24 horas, visando conter as mobilizações, para que elas não coloquem em risco a estabilidade do regime golpista.

Os burocratas boicotam sistematicamente a convocação de uma greve geral por tempo indeterminado porque sabem que isso colocará em risco os seus privilégios e o regime golpista.

Portanto, é fundamental substituir essa burocracia sindical pelega, como fizemos quando da ditadura de 1964, defendendo a bandeira da convocação de um Congresso de base da classe trabalhadora, em São Paulo, com delegados eleitos nas fábricas, empresas, nos bancos, nas escolas e nas universidades, e nos campos, nos Estados da federação brasileira, para discutir um programa de luta pelas reivindicações imediatas e transitórias dos trabalhadores contra o desemprego, reajustes salariais de acordo com os índices do Dieese, redução da jornada de trabalho sem redução do salário, anulação da "Reforma Trabalhista",  e a luta contra "Reforma da Previdência", no sentido da derrubada do regime golpista e de suas instituições.

Assim, o Congresso de base da classe trabalhadora poderá propiciar o surgimento e reagrupamento de uma nova vanguarda operária revolucionária, que se organizará de forma independente da burguesia, formando um partido operário e revolucionário, com a perspectiva de lutar por um governo revolucionário operário e camponês. 


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