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Mortos ou exilados: Marielle Franco, Jean Wyllys e a podridão do golpe

O deputado federal, Jean Wyllys, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), eleito para o terceiro mandato, em férias no exterior, informou que não regressará ao Brasil, abrindo mão do próximo mandato, em razão das ameaças de morte que vem sofrendo por partes dos golpistas.

Nós, da TML, temos divergências políticas com o Jean, todavia entendemos que com segurança não se brinca e concordamos com a posição adotada.

Muitas organizações de esquerda falam que o golpe sofrido por Dilma Rousseff é uma golpe parlamentar, todavia entendemos que essa caracterização é um eufemismo, pois a violência do golpe de Estado sofrido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) cresce cotidianamente.

Os golpistas impulsionaram a chamada “Operação Lava Jato”, claramente preparada pelo Departamento do Estado, a CIA e a embaixadora americana Liliane Ayalde, especialista em golpe, que fica rondando a América Latina para infelicitar criminosamente nossos povos.  A “Lava Jato” introduziu no Brasil os métodos de tortura da prisão americana em Guantámano, onde os prisioneiros ficam presos sem culpa formada (sem nenhuma acusação), além das “delações premiadas”, onde os presos são ameaçados com prisão perpétua, caso não “confessem” ou delatem outras pessoas.

O genocídio contra a população pobre e negra das periferias das cidades, os massacres contra os povos indígenas e quilombolas, contra os camponeses já fizeram mais milhares de vítimas desde 2016. Combinado com isso, assistimos ao aumento exponencial do encarceramento em massa do povo oprimido, com o Brasil contando com uma população carcerária com mais de 700.000 presos, sendo que os golpistas estão construindo mais presídios, mais masmorras pior que as medievais.

A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) está sendo comandada por um general a serviço da empresa canadense “Belo Sun”, a Ministério da Agricultura está sendo comandado por fazendeiros da ultrarreacionária, União Democrática Ruralista (UDR).

A TML, quando da morte de Marielle Franco, acusou aos golpistas pelo assassinato da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro. Agora estão vindo à tona elementos que aumentam a suspeita do envolvimento do senador eleito, Flávio Bolsonaro, filho do presidente fascista, Jair Bolsonaro, na morte da vereadora fluminense.

Divergimos de Jean Wyllys e do PSOL. Divergimos de Jean por defender “a solução dos dois Estados no conflito israelo-palestino”.  Nós da TML somos pela fim do Enclave sionista e terrorista de Israel e por uma Federação Socialista do Oriente Médio, multiétnica, com árabes e judeus.  Divergimos, ainda, do PSOL por sua política de conciliação e colaboração de classes, pelo fato de apoiar as assassinas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nos morros e favelas do Rio de Janeiro, posição defendida pelo agora deputado federal eleito Marcelo Freixo, e por apoiar a farsa da "Lava Jato", como faz Luciana Genro.

A TML segue os ensinamentos de Leon Trotsky, no texto “Os sindicatos na época de decadência imperialista”, de 1940:

“(...) Não podemos escolher por nosso gosto e prazer o campo de trabalho nem as condições em que desenvolveremos nossa atividade. Lutar para conseguir influência sobre as massas operárias dentro de um estado totalitário ou semitotalitário é infinitamente mais difícil que numa democracia. Isto também se aplica aos sindicatos cujo destino reflete a mudança produzida no destino dos estados capitalistas. Não podemos renunciar à luta para conseguir influência sobre os operários alemães simplesmente porque ali o regime totalitário torna essa tarefa muito difícil. Do mesmo modo, não podemos renunciar à luta dentro das organizações trabalhistas compulsórias, criadas pelo fascismo. Menos ainda podemos renunciar ao trabalho sistemático no interior dos sindicatos de tipo totalitário ou semitotalitário somente porque dependam, direta ou indiretamente, do estado operário ou porque a burocracia não dá aos revolucionários a possibilidade de trabalhar livremente neles. Deve-se lutar sob todas essas condições criadas pela evolução anterior, onde é necessário incluir os erros da classe operária e os crimes de seus dirigentes. Nos países fascistas e semifascistas é impossível concretizar um trabalho revolucionário que não seja clandestino, ilegal, conspirativo. Nos sindicatos totalitários ou semitotalitários é impossível ou quase impossível realizar um trabalho que não seja conspirativo. Temos de nos adaptar às condições existentes nos sindicatos de cada país para mobilizar as massas não apenas contra a burguesia, mas também contra o regime totalitário dos próprios sindicatos e contra os dirigentes que sustentam esse regime.”

Assim, apesar das divergências políticas com Jean Wyllys, nós da TML, apoiamos a sua posição, pois como dissemos, com segurança não se brinca, além disso, toda regra comporta exceção, que a confirma. A situação de Jean é excepcional. Camarada, até breve!

Abaixo o fascismo!

Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

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