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Frente única para derrotar o golpe na Bolívia

O golpe de Estado na Bolívia enfrenta a resistência das massas da Central Operária Boliviana (COB) e do Movimento ao Socialismo (MAS), que tomaram as ruas da Bolívia, para derrotar os golpistas liderados por Camacho, Mesa e Añez.

A TML não tem nenhuma simpatia por Evo Morales que capitulou aos golpistas sem nenhuma luta, além de anteriormente ter entregue o ativista Cesare Battisti aos fascistas italianos. Todavia, contra um golpe de Estado da burguesia ultra-direitista, como marxistas, adotamos a política de Lênin e Trotsky contra ao golpe do general fascista Kornilov, fazendo frente única com o governo de Kerensky. Os bolcheviques lutaram com Kerensky, sem apoiá-lo, sem apoiar a sua política pequeno-burguesa, para derrotar o general Kornilov, o que propiciou em seguida a queda do próprio Kerensky pela Revolução proletária de outubro de 1917.

Assim, na Bolívia hoje defendemos a frente única da COB e do MAS (isto é, a aliança operário, camponesa e estudantil, pois a COB representa os operários bolivianos, sobretudo os mineiros e o MAS aos camponeses e indígenas pobres) contra Camacho, Mesa e Añez, o que poderá, em caso de derrota dos golpistas, propiciar a ascensão do proletariado e do campesinato e indígenas pobres ao poder, rumo à revolução proletária  e ao Socialismo.

Triste fim do POR boliviano
Infelizmente, temos de mencionar o triste fim do Partido Obrero Revolucionário da Bolívia como um partido operário, em razão de sua política ultra-sectária de “Nem Evo e nem Camacho”, similar à política do “Fora todos” adotada aqui no Brasil pelo PSTU morenista contra Dilma Rousseff do PT, que na verdade era o “Fora Dilma”, como na Bolívia é o “Fora Evo” pró aos fascistas Camacho, Mesa e Añez. O PSTU não passou impune por sua política contrarrevolucionária, tendo rachado em 3 partes. O mesmo deverá ocorrer com o POR boliviano e a sua organização internacional, o Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional (Cerqui), os quais tenderão a desaparecer, inclusive podemos detectar isso já na posição envergonhada adotada pela TPOR brasileira de falar em “golpe” na Bolívia.

O POR boliviano foi um partido da IV Internacional que estabeleceu inicialmente uma estratégia marxista revolucionária com as Teses de Pulacaio de 1946, com base na Teoria da Revolução Permanente, todavia na Revolução de 1952 todas as suas frações apoiaram a ala esquerda do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), do nacionalismo burguês, adotando uma estratégia menchevique, burguesa, de conciliação e colaboração de classes, o que contribuiu para a derrota da Revolução boliviana e para a liquidação da IV Internacional.

Não há como não voltar a Trotsky e seus camaradas no Programa de Transição de 1938, quando nos advertiram do sectarismo:

“Sob a influência da traição das organizações do proletariado, nascem ou se regeneram na periferia da Quarta Internacional, grupos e posições sectárias de diferentes gêneros. (...) Para os sectários, preparar-se para a revolução significa convencerem-se das vantagens do socialismo. Propõem voltar as costas aos “velhos” sindicatos, isto é, dezenas de milhões de operários organizados, como se as massas pudessem viver fora das condições da luta de classes real ! Permanecem indiferentes à luta que se desenvolve no seio das organizações reformistas como se pudéssemos conquistar as massas sem intervir na sua luta diária ! (...).”

(...)

“Os sectários são capazes de distinguir somente duas cores: o branco e o preto. Para não se exporem à tentação, simplificam a realidade. Recusam-se a estabelecer uma diferença entre os campos em luta na Espanha pela razão de que os dois campos têm um certo caráter burguês.”

(...)

“Incapazes de se mostrarem acessíveis às massas, estão sempre dispostos a acusá-las de serem incapazes de se elevarem até às ideias revolucionárias.

(...)

“Os acontecimentos políticos são para eles ocasião de fazer comentários, mas não de agir. Como sectários – assim como os confusionistas  e os fazedores de milagres de toda espécie – recebem a cada momento chicotadas da realidade, vivem em estado de continua irritação queixando-se sem cessar do “regime” e dos “métodos” e entregando-se a intrigazinhas. Em seus próprios meios exercem, ordinariamente, um regime de despotismo. A prostração política do sectarismo apenas completa, como sua sombra a prostração do oportunismo, sem abrir perspectivas revolucionárias. Na prática política, os sectários unem-se aos oportunistas,  sobretudo aos centristas, para lutar  a todo instante contra o marxismo.”

“A maioria dos grupos e grupelhos sectários desse gênero, que se alimentam das migalhas caídas da mesa da Quarta Internacional, levam uma existência organizativa “independente”, com grandes pretensões, mas sem a menor chance de sucesso. Os bolcheviques-leninistas podem, sem perder o seu tempo, abandonar tranquilamente estes grupos à própria sorte. Entretanto, as tendências sectárias encontram-se também em nossas própria fileiras e exercem uma funesta influência sobre o trabalho de certas  seções. É impossível continuar contemporizando com eles, seja por um único dia. Uma política justa quanto aos sindicatos é um condição fundamental para se pertencer à Quarta Internacional. Aquele que não procura nem encontra o caminho do movimento de massas não é um combatente, mas um peso morto para o partido. Um programa não é criado para uma redação, uma sala de leitura ou um clube de discussão das direções, mas para a ação revolucionária de milhões de homens. O expurgo do sectarismo e dos sectários incorrigíveis das fileiras da Quarta Internacional é a mais importante condição para o sucesso revolucionário.”

A única alternativa para os militantes do POR boliviano é uma profunda autocrítica para mudar da trincheira golpista para a trincheira contra o golpe de Estado, senão vão terminar abraçados ou esmagados pela reação fascista boliviana.

O acirramento da luta de classes na arena mundial
A América Latina  e o mundo hoje estão convulsionados com as mobilizações no Chile, Equador, Haiti, República Dominicana, Porto Rico, Catalunha, Palestina, Irã, Iraque, Síria, Mali, e Argélia, onde a TML se solidariza com a luta pela libertação de Louise Hanoune. Vivemos a  fase imperialista do capitalismo, dos monopólios, que é a reação em toda linha, época de revoluções e guerras, como as patrocinadas pela França, a Inglaterra e os Estados Unido, tudo com o apoio e atuação golpistas da ONU (Organização das Nações Unidas) e da OEA (Organização dos Estados Americanos), controladas pelos países imperialistas, sobretudo o imperialismo norte-americano, que, como disse Lênin de sua antecessora, a Sociedade das Nações, não passam de um covil de bandidos, e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, que é uma aliança militar dos países imperialistas, sob o comando dos Estados Unidos), seu braço armado assassino.

Assim na arena mundial há uma polarização e radicalização da luta de classes tendo em vista a profunda crise do capitalismo, estando colocada a alternativa socialismo ou barbárie. Urge, pois, a reconstrução da Internacional operária, comunista e revolucionária.

Na Bolívia hoje não é diferente, portanto, defendemos a frente única da COB e do MAS contra Camacho para derrotar ao golpe, o que poderá, em caso de derrota dos golpistas, permitir a ascensão do proletariado e do campesinato e indígenas pobres ao poder, rumo à revolução proletária  e ao Socialismo.

Em São Paulo, comunidade boliviana denuncia o golpe
No último domingo (17), cerca de 7,5 mil pessoas, em sua maioria bolivianos que vivem em São Paulo, marcharam pela avenida Paulista, coração do capitalismo brasileiro, para denunciar o golpe de estado que culminou na renúncia de Evo Morales. Os manifestantes pediam a renúncia de Jeanine Añez, assim como repudiavam o golpe de Mesa e Camacho. Com os gritos de paz para a Bolívia, milhares de pessoas protestaram na principal avenida de São Paulo. O que era para ser um ato em solidariedade ao povo boliviano e contra o golpe, acabou se tornando uma manifestação da comunidade boliviana em São Paulo.










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