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Estado repressor é inimigo da classe trabalhadora

© foto: Tiago Macambira

Os protestos realizados pelos fascistas em Brasília provocaram uma manifestação quase unanime entre a burguesia e as diversas direções conciliadoras e reformistas da classe trabalhadora, indo do PT, PSOL, PSTU e demais partidos e organizações de massas, clamando por repressão contra os manifestantes, chamando-os de terroristas e pedindo a aplicação da reacionária Lei Antiterrorismo, promulgada por Dilma Rousseff.

Dissemos burguesia e direções conciliadoras e reformistas da classe trabalhadora, e não “esquerda”, porque, como marxistas, trabalhamos com as concepções de classes sociais, como burguesia, proletariado, camponeses pobres, uma vez que “esquerda” é uma categoria imprecisa que se presta a confusão (só para exemplificar: Rede, PSB e PDT são considerados de “esquerda” por alguns, embora sejam partidos claramente burgueses, não só por sua base social, mas sobretudo por seus programas).

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Essa confusão é cometida pelos marxistas brasileiros e argentinos, mas não ocorre entre os marxistas bolivianos, peruanos e alguns franceses, espanhóis, turcos e austríacos. Os marxistas somente utilizam a denominação esquerda para se referir às frações de um mesmo partido (por exemplo, como no caso da Oposição de Esquerda, na Rússia soviética).

Prosseguindo, falamos em quase unanimidade, porque apenas duas organizações se colocaram contra ela: o PCO e a Liga Bolchevique Internacionalista, os quais acertadamente advertiram desse equívoco, citando a lição de Trotsky, referente ao Comitê Dies (Comitê de Atividades Não-Americanas de Câmara dos Estados Unidos, dirigido pelo deputado do Texas, Martin Dies), quando o revolucionário russo/ucraniano advertiu que:

“Nas condições do regime burguês, toda repressão dos direitos políticos e da liberdade, não importa a quem sejam dirigidos no início, no final inevitavelmente pesa sobre a classe trabalhadora, particularmente seus elementos mais avançados.  Essa é uma lei da história. Os trabalhadores devem aprender a distinguir seus amigos e inimigos de acordo com o próprio julgamento e não de acordo com as dicas da polícia.” (Leon Trotsky, no artigo “Por que concordei em comparecer ao Comitê Dies”, de 11 de março de 1939, publicado em 30 de dezembro de 1939 pelo Socialist Appeal, reimpresso a partir de Writings of Leon Trotsky [1939-40] New York: Pathfinder, 1973, traduzido para o português pelo PCO).

Assim, apesar de nossas diferenças, saudamos a posição dos camaradas do PCO e da LBI. 

A quase unanimidade diminui um pouco com a escolha do novo herói nacional: o “Xandão”, o ex-chefe de polícia de Temer, em São Paulo. O herói do Estado com monopólio da verdade e poder de censura! O brasileiro ainda não aprendeu a lição do dramaturgo comunista Bertold Brecht que explicou que infeliz a nação que precisa de heróis. O Brasil sempre está escolhendo um herói. Recentemente tivemos o agente da CIA Sérgio Moro e depois o Messias: deu no que deu!

Outra coisa importante, é que o governo Lula/Alckmin não é um governo dos trabalhadores, não é um governo revolucionário, mas uma frente populista, uma frente ampla, com golpistas de todos os matizes, inclusive com partidários do União Brasil, base de Bolsonaro. O governo Lula/Alckmin é um governo de conciliação e colaboração de classes, que objetiva gerir o Estado capitalista brasileiro no interesse da burguesia, como demonstra Haddad, Ministro da Fazenda, que sequer aprova o salário mínimo de fome anunciado por Bolsonaro!

Assim, o governo Lula/Alckmin é um governo de frente popular, um governo frente populista, ou seja, um governo com um partido operário, o PT, em aliança com partidos burgueses, estabelecendo uma política de conciliação e colaboração de classes. O PT, embora sua base social seja operária e de trabalhadores, o seu programa é pequeno-burguês democratizante e reformista de conciliação e colaboração de classes, não revolucionário. A tendência é que no governo Lula/Alckmin preponderará a política burguesa, como indicou o “governo de transição”, onde os políticos burgueses tucanos do PSDB, DEM, MDB, PSB, etc., e até bolsonaristas, ocupam e dominam os postos chaves e o cenário político atual.

Em virtude disso, as políticas de reformas ou melhorias do primeiro governo Lula em 2003,  provavelmente sequer se repetirão. Ao contrário, tudo indica que os ataques sofridos pela classe trabalhadora com os governos golpistas de Temer e Bolsonaro não cessarão, como demonstra o caso do salário mínimo de fome que sequer é aprovado.

Assim, o governo Lula/Alckimin representa um governo de conciliação e colaboração de classes, uma democracia burguesa que não passa da ditadura do capital, sendo que esse tipo de governo acaba, mais cedo ou mais tarde, aplainando o terreno para a reação, como, por exemplo, o governo Allende, em 1973, no Chile, ou o governo Dilma Rousseff, em 2016, no Brasil.

Caberá aos revolucionários marxistas levarem uma política independente, fazendo oposição revolucionária ao governo  Lula/Alckmin, defendendo os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, salário mínimo de acordo com DIEESE, reajuste e aumentos salariais de acordo com os índices do DIEESE; pela anulação das “Reformas Trabalhista e Previdenciária”; fim do desmatamento da Amazônia e demais florestas, reforma e revolução agrária, fim do latifúndio; expulsão do imperialismo; na perspectiva da revolução socialista.

Para tanto, a palavra de ordem central do novo período que se abre é a formação de um PARTIDO OPERÁRIO MARXISTA REVOLUCIONÁRIO, tarefa essa que deve ter como objetivo reagrupar os diversas tendências, círculos e grupos revolucionários espalhados pelo Brasil inteiro num poderoso partido bolchevique em nível nacional, sendo imprescindível a luta pela convocação, em breve, de uma Convenção Nacional, em São Paulo.

Assim, apenas a mobilização dos trabalhadores, ou seja, a frente única de trabalhadores, operários, camponeses pobres, aliados aos estudantes, poderá combater o fascismo!

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