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Frente Única da classe trabalhadora: partidos, sindicatos, frentes e movimentos sociais

A crise econômica, amplificada pela crise sanitária do coronavirus, coloca em xeque o governo golpista de Bolsonaro e próprio capitalismo brasileiro e mundial, de forma sem precedentes, já que, além de não desenvolver as forças produtivas, ainda põem em risco a existência do homem no planeta.

A burguesia e a pequena-burguesia, por meio de seus partidos, como o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), de Fernando Henrique Cardoso, o PDT (Partido Democrático Trabalhista), de Ciro Gomes, coronel reacionário e oportunista, que já passou por todos os partidos políticos, inclusive o PSDB, a Rede (Rede Sustentabilidade), de Marina Silva, partido esse ligado e financiado pelos banqueiros, os quais apresentam propostas de frente populares, frentes populistas,  buscando cooptar os partidos operários e de esquerda,  para se contrapor aos interesses dos trabalhadores e da maioria oprimida nacional e submetê-los à estratégia da burguesia de manutenção do capitalismo e da opressão.

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Em contraposição a isso, a estratégia da classe trabalhadora é a da aliança com os camponeses pobres e os estudantes, conforme Leon Trotsky:

“Para os países com desenvolvimento burguês retardatário, em particular para os países coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente significa que a solução verdadeira e completa das suas tarefas democráticas e da liberação nacional não pode ser outra que a ditadura do proletariado, que toma a cabeça da nação oprimida, sobretudo de suas massas camponesas...Porém a aliança entre estas duas classes não se realizará mas que numa luta implacável contra a influência da burguesia nacional. (Trotsky, “A Revolução Permanente, 1931).

“Há que distinguir a frente única de ações comuns...A ação comum, em particular, uma ação a curto prazo, é uma coisa. Porém a capitulação ante a burguesia, uma “frente única” permanente, como a Frente Popular francesa é outra coisa. É completamente diferente...Devemos promover uma frente única com as organizações de estudantes e camponeses. (Leon Trotsky, “Debate sobre a China”).

As frentes amplas e populistas, lideradas pela burguesia, têm como objetivo cooptar os partidos e organizações operárias e populares, como PT, PSOL, CUT, MST e UNE, para desviá-las das lutas, com a intenção de mantê-las amarradas apenas ao campo institucional, parlamentar e eleitoreiro, sem que coloquem em risco os interesses da burguesia, que mantém a ditadura do capital sobre os trabalhadores.

A burguesia, na atual situação política, tem formulado e defendido vários tipos de frente populistas, como, por exemplo, a frente “Estamos Juntos”, com o ex-presidente FHC, como fez estardalhaço o jornal “Folha de S. Paulo”, criticando Lula por se recusar a participar dessa Frente.

Infelizmente, essa política da burguesia é reproduzida por parte da esquerda pequeno-burguesa, que serve de correia de transmissão no operário e popular para atacar ao PT pela direita, ao invés de denunciar a política de conciliação e colaboração de classes da direção majoritária petista.

Interessante observar ainda, que a esquerda pequeno burguesa ao mesmo tempo que ataca ao PT pela direita, no que tange aos sindicatos adota uma política “esquerdista” de não atuação na CUT (Central Única dos Trabalhadores), em total contraposição ao que nos ensinaram Vladimir Lênin e Leon Trotsky:

“Os revolucionários devem atuar nos sindicatos reacionários?

Os “esquerditas” alemães acham que podem responder essa pergunta com a negativa absoluta. Na sua opinião, a algazarra e os gritos encolerizados contra os sindicatos “reacionários” e “contrarrevolucionários” (K. Horner destaca-se pela “seriedade” e estupidez com que faz isso) bastam para “demonstrar” a inutilidade e até a inadmissibilidade da atuação dos revolucionários, os comunistas, nos sindicatos amarelos, social-chovinistas, conciliadores e dos legienistas (* Subordinados ao social-democrata oportunista de direita Legien – Nota do Tradutor).

Mas, por muito convencidos que estejam os “esquerdistas” alemães do caráter revolucionário de semelhante tática, ela é, na realidade, profundamente errônea e nada contém, a não ser frases vazias.”

(...)

O Comitê Executivo da III Internacional deve, na minha opinião, condenar abertamente e propor ao próximo Congresso da Internacional Comunista que condene, de modo geral, a política de não participação nos sindicatos reacionários (exemplificando pormenorizadamente à insensatez que essa não participação significa e o imenso prejuízo que causa à revolução proletária).

(...)

A III Internacional deve romper com a tática da II e não evitar nem ocultar as questões escabrosas, e sim levantá-las sem rebuços.”  (Lênin, Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo).

“Temos de nos adaptar às condições existentes nos sindicatos de cada país para mobilizar as massas não apenas contra a burguesia, mas também contra o regime totalitário dos próprios sindicatos e contra os dirigentes que sustentam esse regime. A primeira palavra de ordem desta luta é: independência total e incondicional dos sindicatos em relação ao Estado capitalista. Isso significa lutar para transformar os sindicatos em organismos das grandes massas exploradas e não da aristocracia operária.

A segunda é: democracia sindical. Esta palavra de ordem deduz-se diretamente da primeira e pressupõe para sua realização a independência total dos sindicatos em relação ao estado imperialista ou colonial.”

(...)

“Na era da decadência imperialista, os sindicatos somente podem ser independentes na medida em que sejam conscientes de ser, na prática, os organismos da revolução proletária. Nesse sentido, o programa de transição adotado no último congresso da IV Internacional não é apenas um programa para a atividade do partido, mas em traços gerais, é o programa para a atividade nos sindicatos.”

(...)

“Necessidade do Trabalho dentro dos Sindicatos

De tudo que foi dito, depreem-se claramente que, apesar da degeneração progressiva do sindicatos e de seus vínculos cada vez mais estreitos com o Estado imperialista, o trabalho neles não só não perdeu sua importância, como é ainda maior para todo partido revolucionário. Trata-se essencialmente de lutar para ganhar influência sobre a classe operária. Toda organização, todo partido, toda fração que se permita ter uma posição ultimatista com respeito aos sindicatos, o que implica voltar as costas à classe operária, somente por não estar de acordo com sua organização, está destinada a acabar. E é bom frisar que merece acabar.” 

(...)

Na realidade, a independência de classe dos sindicatos quanto às sua relações com o Estado burguês somente pode garanti-la, nas condições atuais, uma direção revolucionária, isto é, a da IV Internacional. Naturalmente, essa condição deve e pode ser racional e assegurar aos sindicatos o máximo de democracia concebível sob as condições concretas atuais. Mas sem a direção política da IV Internacional a independência dos sindicatos é impossível. (Trotsky, “Os sindicatos na época de decadência imperialista”, 1940). 

Os “esquerdistas” no Brasil costumam defender o boicote à atuação na CUT, acusando esta de adotar uma política de conciliação e colaboração de classes, contrapondo-a à CSP-Conlutas, como se esta última não adotasse política semelhante.

Basicamente, a política revolucionária acima para os sindicatos pode ser perfeitamente adaptada para os movimentos sociais, como os de moradia, trabalhadores sem teto, trabalhadores rurais sem terra, etc.

No que concerne ao partido revolucionário, apesar da enorme crise sem precedentes do capitalismo no Brasil e no mundo, ele não cairá de podre. Há necessidade de construção do partido comunista, do partido revolucionário, como delineado por Marx e Engels, e desenvolvido por Lênin, Trotsky e Rosa Luxemburgo, e a construção de uma nova Internacional operária e revolucionária, neste período pré-revolucionário, impulsionado pelos acontecimentos dos Estados Unidos, com as massas norte-americanas saindo às ruas de todo o país, movimento esse que  se espalha e tem abalado o mundo.   

No Brasil, o caminho para a construção de um poderoso partido marxista-leninista passa pela luta no sentido da formação de uma frente única dos trabalhadores, ou seja, das organizações operárias e populares e de massas, como PT, PSOL, PCdoB,  PCB, PSTU, PCO, CUT, MST, MTST, CTB, CSP-Conlutas, INTERSINDICAL, UNE, etc., sob a bandeira de um programa de transição, que coloque na ordem do dia a realização das tarefas democráticas de reforma e revolução agrária e expulsão do imperialismo.  

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