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109 demissões na CAF/Hortolândia: capitulação sem luta

109 metalúrgicos foram demitidos na CAF (Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles –  empresa basca do Estado Espanhol) de Hortolândia depois de 2 dias de greves, sem que houvesse empenho da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região (Hortolândia pertence à sua base territorial), composta por membros da Alternativa Sindical Socialista (ASS), ligada à Intersindical.

No segundo dia de greve dos metalúrgicos, a empresa ofereceu 2 salários nominais, 4 meses de vale-alimentação e 5 meses de assistência médica-odontológica, com o que foi encerrada a greve.

A luta dos companheiros da CAF, por ser uma empresa que constrói trens para o Metrô e a CPTM, transcende a luta meramente econômica e sindical, porque envolve também a luta pelo transporte coletivo público e gratuito de qualidade, uma vez que o governo do Estado já suspendeu as obras de construção da Linha 17 do Metrô, aplicando a política de “austeridade”, “ajuste fiscal”, exigida pelo burguesia nacional e o imperialismo norte-americano golpistas.

A responsabilidade maior pela capitulação praticamente sem luta é da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, da ASS, da Intersindical, que se apresenta como uma central sindical combativa, uma alternativa à CUT, uma alternativa à antiga Articulação (hoje CNB - Construindo um Novo Brasil). Todavia, apesar do discurso, na prática leva a mesma política.

A ASS e os demais grupos  não prepararam e nem organizaram a luta; não colocaram a necessidade da categoria sair em defesa da CAF; não colocaram a solidariedade aos grevistas.

A outra parcela de responsabilidade cabe à CSP-Conlutas, dirigida pelo PSTU e seus satélites, que também se apresenta como uma alternativa combativa, mas celebra acordos traidores, só para exemplificar, com a GM e a Embraer, como faz costumeiramente no Sindicato do Metalúrgicos de São José dos Campos.   

Cumpre assinalar, ainda, e de certo modo se deter um pouco mais, em razão de seu verniz “esquerdista”, a política menchevique, frouxa, do agrupamento Vanguarda Metalúrgica, ligada à Liga Comunista/Frente Comunista dos Trabalhadores, que, como todas as seitas, jogou a responsabilidade pela derrota para uma suposta ausência de conscientização dos operários, e não à sua política de adaptação e capitulação às direções sindicais traidoras. O próprio fato de que esta foi a 16ª greve da CAF depõe contra essa  posição. Além disso, para “inflar” a proposta da CAF,  ainda apresenta como “benefício” oferecido pela empresa as verbas rescisórias que, como todo mundo sabe, estão previstas na legislação trabalhista. Puro charlatanismo.

Os metalúrgicos de Campinas e Região precisam fazer um balanço profundo da greve e da atuação da diretoria do Sindicato e de seus grupos satélites, para organizar uma alternativa verdadeiramente marxista-leninista no sentido de uma política de independência de classe.

Erwin Wolf

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