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Trótski, uma homenagem internacionalista (I)

Nos dias 17, 18 e 19 de agosto passado, ocorreu o Evento virtual “Trótski em permanência, no Brasil, em homenagem ao revolucionário marxista e em repúdio ao seu assassinato há 80 anos, organizado pelo Comitê Organizador Mário Pedrosa, formado por militantes e professores universitários, que em sua maioria participaram do I Evento Acadêmico León Trotsky, em comemoração aos 100 anos da Internacional Comunista, realizado em Havana, Cuba, em 2019.

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Nesse Evento realizado em Cuba, no qual compareceram mais de 80 pessoas, sendo que 10 do Brasil, a maior delegação, ao final foi deliberada a realização do II Encontro León Trotsky, em nosso País, em novembro deste ano. No entanto, em razão da pandemia, o Evento presencial foi adiado para agosto de 2021, tendo sido realizado este ano apenas o Evento virtual.

O Evento virtual foi um sucesso, tendo em vista os debates e o fato de milhares de pessoas terem assistido aos mesmos. Por outro lado, demonstrou que o Evento presencial deve ser aperfeiçoado com a pluralidade de tendências, uma vez que houve preponderância do morenismo. Assim, há necessidade de um retorno à pluralidade do I Encontro realizado em Havana, Cuba. Essa diretriz, no nosso entender, deve ser adotada pela comissão que selecionará os trabalhos do Encontro presencial em agosto de 2021.  

Agora em agosto passado, os convidados, em média, tiveram 20 minutos para discorrer sobre o tema e, depois, tiveram, em média, 10 minutos para  responder a questões formulados pelo público.

A seguir, evitando as abordagens históricas incontroversas, as quais nos reportamos aos vídeos disponíveis https://tinyurl.com/eventotrotski, fizemos um resumo daquilo que julgamos interessante nas falas, em razão da relevância, ou mesmo de eventuais contradições e/ou divergências políticas conosco, e tecemos nossas considerações, relativamente à Mesa 1 – Trótski, stalinismo e a União Soviética, neste primeiro artigo. Depois, faremos outro artigo sobre a Mesa 2 – Trótski sobre o fascismo e a questão negra e outro sobre a Mesa 3 – A História do movimento trotskista.

Essa série de artigos também é uma homenagem aos 82 anos de fundação da IV Internacional, em Périgny, subúrbio de Paris, França, em 3 de setembro de 1938.

A mediadora da Mesa 1, foi a tradutora Paula Vaz de Almeida, tendo participado da mesma, Valério Arcari, dirigente da Tendência Resistência do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Eduardo Almeida,  dirigente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), Angela Almeida, professora universitária, Erson Oliveira, dirigente do POR (Partido Operário Revolucionário).

Valério Arcari saudou aos protestos que estão ocorrendo em Minsk, na Bielorrússia.

Para nós, da TML, uma posição típica do morenismo, nos últimos tempos. Ao contrário, vemos com preocupação este tipo de movimento, em razão da liderança da burguesia e a pequena burguesia, que em razão de ausência de uma direção operária e revolucionária, tende a ser capturado e impulsionado pela CIA, pelos Estados Unidos, como nas “revoluções coloridas” que assistimos recentemente, verdadeiros processos contrarrevolucionários, ainda mais que na Bielorrússia remanescem algumas conquistas da Revolução Russa e da época da URSS, como saúde pública, empregos estáveis e educação pública. Assim, é fundamental que a classe operária se organize de forma independente da burguesia, levantando as reivindicações transitórias, lutando por um governo operário, na perspectiva do Socialismo. 

Eduardo Almeida disse que, na década de 90, houve o levante bastante progressivo que levou à derrubada da ditadura da burocracia na URSS.

Nós, TML, enxergamos diferentemente. Essa é outra posição típica do morenismo. A derrubada da burocracia na URSS foi um movimento reacionário, que impulsionou a restauração capitalista e o desmantelamento do Estado operário e a supressão da quase totalidade das conquistas de outubro e dos anos da Revolução Russa, embora ainda remanesçam algumas poucas conquistas. Como ensinou Trotsky, “Stálin derrubado pelos trabalhadores: é um grande passo para o socialismo. Stálin eliminado pelos imperialistas: é a contrarrevolução que triunfa.” (“Uma vez mais: a União Soviética e sua defesa”, 4 de novembro de 1937, publicado no “Em defesa do Marxismo”, Nova Iorque, 1942).

Angela de Almeida falou sobre os trotskistas durante a resistência francesa, durante a II Segunda Guerra Mundial, tendo em vista as revelações surgidas após a abertura dos arquivos da GPU, com o fim da União Soviética, como, por exemplo, o caso do italiano de Pietro Tresso. Informou, ainda, que, em outubro, lançará o livro “Do partido único ao estalinismo.”

A mediadora Paula formulou várias perguntas, como, quais as perspectivas, tendo em vista a sua fragmentação, do movimento trotskista e da IV Internacional? Outra sobre o chamado “neo-estalinismo”, a inscrição da Unidade Popular como partido político e o PCB. E, por fim, sobre a conjuntura política brasileira.

As respostas no que concerne às perspectivas do movimento trotskista e a IV Internacional, foram, de forma genérica, no sentido da luta programática pelas reivindicações transitórias, com o objetivo de se forjar uma frente única operária, dos trabalhadores e camponeses pobres, combatendo-se as alianças com a burguesia, as frente populares, as frentes populistas, visando um governo operário e camponês, para a realização das tarefas democráticas, reforma e revolução agrária, expulsão do imperialismo, rumo à revolução proletária e ao Socialismo.

Erson de Oliveira respondeu que o rejuvenescimento do estalinismo não tem futuro em razão de que sua política levou à restauração capitalista.

Nós, da TML, concordamos, inclusive porque os estalinistas seguem abandonando suas bandeiras e sua identidade, como o próprio PCdoB (Partido Comunista do Brasil), que cogita mudar a sua denominação para “Movimento 65”, referência ao número eleitoral do partido.

Eduardo Almeida, que é médico, respondeu que a Pandemia matou mais de 500 mil pessoas no Brasil, sendo que os infectados não são 3,5 milhões, mas sim de 35 a 40 milhões.  

Valério Arcari respondeu que o neofascismo está no Exército, na PM. Disse que a classe trabalhadora está dividida, parte está organizada, está com o PT, não romperam as profundas ilusões. Defendeu o PSOL anticapitalista de Boulos e Erundina para a batalha eleitoral. Defendeu também uma Frente única da esquerda defensiva, para derrubar Bolsonaro antes de 2022. 

Nós, da TML, concordamos que a classe trabalhadora está dividida e ainda tem ilusões no PT. Por outro lado, com relação ao PSOL, entendemos que este tem os mesmos defeitos do PT, ou seja, possui também um programa democrático-burguês, sem a qualidade do PT de inserção no movimento de massas.   Por isso, também defendemos a política de frente única, para a superação das direções reformistas e burocráticas, conforme o nosso artigo anterior, “Ampliar a luta contra as privatizações e a ´Reforma administrativa´”, publicado no nosso Blog:

“Na luta contra as privatizações, contra as “Reformas administrativa e tributária” que está colocada para a classe trabalhadora brasileira, é fundamental forjar uma frente única dos operários, trabalhadores, camponeses pobres e estudantes, através de seus partidos e organizações de massas, como o PT, PCdoB, PSOL, PCO, PCB, PSTU, MRT, CUT, CTB, INTERSINDICAL, MST, MTST, UNE, etc., na perspectiva da luta revolucionária por um governo operário e camponês, rumo ao Socialismo.”

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