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Eleições 2020 e a insurgência oportunista dos “Aposentadores de Lula”

© foto: Manu Dias

O resultado das eleições municipais de 2020 revelaram um conjunto de posições dentro da esquerda, particularmente dentro do PT, que deve ser discutida seriamente por todos que se preocupam com uma política de interesse da classe trabalhadora na luta contra o Golpe e a extrema-direita.

Os analistas da chamada centro-esquerda, em uma posição de alinhamento com os jornais burgueses, assinalam que o PT foi um dos “grandes derrotados” da eleição junto com o Bolsonarismo. Essa análise é falsa, ainda que o Partido dos Trabalhadores não tenha efetivamente conquistado nenhuma capital, porque a correlação de forças de um partido de esquerda não pode ser subordinado ao número de prefeituras que conquista em eleições que, já tradicionalmente manipuladas pelo regime burguês regional, se encontram totalmente viciadas pelo golpe de estado que vigora desde 2016.

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A maior prova disso é que após o segundo turno caiu por terra a ilusão incutida pelos veículos golpistas de uma “nova esquerda” que substituiria a chamada “hegemonia lulo-petista”, e diante do fraquíssimo desempenho desses partidos, aí vem a consideração cínica; a culpa recaiu sobre o PT que ainda é o que mais elegeu prefeitos e vereadores. A Pseudo-esquerda formada pelos antigos PSB e pelo PDT se propunham a ser essa “nova esquerda” em uma frente que resultou numa campanha no puro estilo bolsonarista contra Marília Arraes (PT-PE) no recife, recheada das mesmas estratégias de calúnias e notícias falsas.

O PCdoB após se distanciar do PT, se descaracterizou na suas campanhas, extinguiu-se a foice e martelo ensaiou uma mudança de nome com o chamado “Movimento 65”, o resultado não foi minimamente favorável pra o partido que praticamente desapareceu.

Mas o mais significativo do cenário pós-eleitoral é a insurgência da ala direita do PT, em que figuras como Jaques Wagner (PT-BA) e Alberto Cantalice, saíram a campo para dizer que Lula deve ser aposentado e substituído por figuras como Camilo Santana (PT-CE) e Rui Costa (PT-BA) e inclusive o próprio Jaques Wagner, com admiráveis escrúpulos, se propõe a dita “renovação” pela aposentadoria do Lula.

Um reflexo ligado à essa insurgência de natureza oportunista foi uma campanha de setores dessa ala direita pela substituição da presidenta do Partido Gleisi Hoffman que representa a defesa do ex-presidente da república como dirigente político do partido.

Essa insurgência em particular tem que ser combatida seriamente por todos os setores socialistas e populares do PT, porque obviamente responde a uma pressão da burguesia em se livrar da sombra popular de Lula, cuja liderança política tem levado a constantes frustrações na tentativa de subordinar o partido à chamada Frente Ampla com os partidos golpistas, frente essa defendida pelas personagens da ala direita citadas acima.

Essa tentativa de jogar Lula fora e remover Gleisi da presidência do partido também são uma reação diante do fracasso da política de isolar o PT a benefício da Frente Ampla com golpistas durante a eleição, e é claro sinal de que o Partido dos Trabalhadores continua sendo o maior obstáculo à burguesia no plano de assalto ao povo que vigora desde o Golpe de 2016.

O segundo turno das eleições mostrou que esses partidos do chamado “centrão” aos quais os frente-amplistas defendem aliança “contra o bolsonarismo” já tem um caráter bolsonarista aprofundado, porque o bolsonarismo não é um fenômeno que emana de outro lugar que não da própria burguesia. 
As eleições demonstraram também que não será possível impor uma derrota a direita sem mobilização popular, como demonstraram nossos vizinhos bolivianos.

Os militantes do PT devem rejeitar o discurso de “renovação pós-Lula” como uma armadilha preparada pelo que de mais velho e direitista representa, e chamar à defesa de Lula como ferramenta popular contra o golpe e contra bolsonarismo, pela recuperação de todos os direitos políticos do ex-presidente e pelo direito de sua candidatura.

Leonardo Silva, Goiânia. 02 de dezembro de 2020
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