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Contos de trabalho/ Les fables du travail

Ontem foi o lançamento do livro Contos de Trabalho, de 147 páginas, em edição bilíngue (português/francês) do nosso amigo e camarada, o operário e escritor Cauê Borges, na Livraria Leitura, em nossa querida São Bernardo do Campo. A tradução é de Luciano Loprete.  Tal lançamento foi bastante concorrido, contando com a presença de muitos amantes da leitura.

Os Contos de Trabalho refletem de forma artística a situação da classe operária do ABC, infelizmente desconhecida por muitos.

A classe operária do ABC conquistou boas condições materiais, porém não é formada apenas por uma aristocracia operária, embora seja dirigida, em sua maioria ou quase totalidade, por uma burocracia. Ela é muito mais ampla e complexa do que pensam os impressionistas pequeno-burgueses, sectários  e  revisionistas do marxismo que não procuram o caminho das massas e não se interessam pelas lutas que ocorrem nos partidos reformistas.

As condições de trabalho no Grande ABC são como na maioria das indústrias do País. Inclusive, os trabalhadores além de terem o costume de colocar apelidos nos colegas, costumam também colocar apelidos nos setores ou lugares de trabalho, em razão das péssimas condições de trabalho, fazendo alusão às guerras, os chamando, por exemplo, de  Saigon, Vietnã, etc. As indústrias químicas de Diadema são terríveis. Assim como, as indústrias de Mauá, polo petroquímico.

Cauê é a prova do auto nível cultural, artístico e de conscientização, bem como do potencial do operariado do ABC paulista e de toda classe operária brasileira, ao contrário do que pensam os revisionistas e céticos, que defendem a tese preferida das seitas, jogando sempre irresponsavelmente a responsabilidade para as massas, como disse, Juan Pablo Bacherer, da Oposição Trotskista do Partido Obrero Revolucionario da Bolívia: “(...) as massas não conseguiram colocar-se à altura do programa para tomar o poder. É a tese preferida das seitas, incapazes de penetrar nas massas e colocar-se na sua liderança na luta pelo poder.”

A Quarta Internacional, em seu Programa de Transição, desde o final da década de 30, alertava que “Incapazes de se mostrarem acessíveis às massas, estão sempre dispostos a acusá-las de serem incapazes de se elevarem até às ideias revolucionárias.”  e "Permanecem indiferentes à luta que se desenvolve no seio das organizações reformistas como se pudéssemos conquistar as massas sem intervir na sua luta diária ! (...).” (Leon Trotsky, “Programa de Transição”).

A classe operária do ABC também é formada por uma vanguarda, por operários e artistas como Cauê, que defendem o marxismo, pois toda grande arte é revolucionária.

Cauê coloca a sua sensibilidade artística nos Contos de Trabalho, para retratar a sua classe, inspirando-se em Karl Marx, em 1844 (“[...], tão logo inexista coerção física ou outra qualquer, foge-se do trabalho como de uma peste. O trabalho externo, o trabalho no qual o homem se exterioriza, é um trabalho de autossacrifício, de mortificação.”) e  em seu genro, o franco-cubano Paul Lafarque, 1883 (“Introduzam o trabalho de fábrica, e adeus alegria, saúde, liberdade; adeus a tudo o que fez a vida bela e digna de ser vivida.”).

Cauê participou recentemente de uma bienal na Suíça. É artista militante, colocando-se à disposição para palestras, reuniões, encontros, ou seja, está à disposição da luta.

Parabéns, Cauê! Mais sucesso!

O movimento pró-formação de uma Tendência Socialista Operária no Partido dos Trabalhadores, do qual participamos, pretende desenvolver diversas atividades culturais e políticas no segundo semestre, como um debate sobre o Manifesto de André Breton e Leon Trotsky “Por uma arte revolucionária independente”, sobre o livro “Literatura e Revolução” de Leon Trotsky e sobre a obra de Vladimir Maiakovski, “Como fazer versos”.

Contamos com a sua presença e apoio, camarada!

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