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(...)
“Pode-se mesmo, com o maior êxito, aplicar o marxismo à história do
xadrêz. Graças ao marxismo podemos estabelecer o que era a antiga nobreza do
género Oblomov (6) que a preguiça que impedia mesmo de jogar xadrez; mais tarde
, quando as cidades se desenvolveram, deu-se o aparecimento dos intelectuais e
dos comerciantes – e veio a necessidade de exercitar o cérebro, jogando o
xadrez. E agora, entre nós, são os operários que vão para os clubes jogar
xadrêz. Os operários jogam hoje xadrez porque derrubaram aqueles que os
oprimiam. O marxismo explica perfeitamente tudo isso. Pode seguir-se todo o
desenvolvimento da luta de classes, fazendo a história da e evolução do jogo de
xadrêz. Afirmo que é possível escrever, seguindo o método de Marx, um
livro maravilhoso sobre a evolução do jogo de xadrez. No entanto, é impossível
aprender a jogar o xadrêz de maneira marxista. O jogo de xadrêz, tem as
suas “leis”, os seus “princípios”. É verdade que li recentemente que, no tempo
de Napoleão, o xadrêz se baseava em manobras – e assim continuou até meados do
século XIX, para assim permanecer na época da paz armada – desde a guerra
franco-prussiana até à última guerra imperialista – estritamente um jogo “de
posição”, ao passo que hoje parece ter-se tornado mais flexível e prestar-se às
manobras. É pelo menos o que afirma um jogador americano. É possível que as
condições sociais, por caminhos invisíveis, tenham penetrado até ao cérebro do
jogador de xadrêz, que, por sua vez os reflecte no seus estilo de jogo, sem
mesmo disso se dar conta. Um psicólogo materialista encontraria sem dúvida,
neste facto um certo interesse. Mas apesar de tudo, continua a ser impossível
aprender xadrêz, de maneira marxista. O marxismo não ensina como utilizar a
surpresa, quando necessária para levar a melhor sobre o inatingível Makhno.
A essência da atividade militar é o conjunto das regras para
vencer. Essas regras – e será isso um bem ou um mal? – estão resumidos
nos nossos regulamentos. Serão estes uma ciência? Penso que é impossível
qualificar de ciência os nossos regulamentos. São um conjunto de regras e
processos dum artesanato ou duma arte.”
Nota do Editor: (6) Oblomov, Ilia Ilitch - personagem do romance de Ivan A. Goutchanov, Oblomov, símbolo da negligência prática combinada com os projectos imaginários.(pág. 98)
*Nota da TML: Será o jogador americano que Trotsky se refere no texto
Paul Charles Morphy (1837-1884) ou Harry Nelson Pillsbury (1872-1906)? Ambos
foram contemporâneos de Trotsky, mas provavelmente seja Pillsbury que era
apenas sete anos mais velho do que Trotsky.
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