Desde que Lula recuperou seus direitos políticos após a saída da prisão, a
situação política na esquerda vem sofrendo franco processo de deterioração, a
começar pela própria direção do PT. Da prisão, o próprio Lula se opunha a
chamada "Frente ampla pela democracia" com os principais elementos do
golpe de 2016, e agora estamos as voltas com o ex-governador tucano Geraldo
Alckmin (PSB-SP) como candidato a vice, ou seja, um neoliberal carrasco dos
trabalhadores como candidato indireto a sucessão presidencial.
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A fala do então senador da ala direita do PT Humberto Costa à revista Veja logo
após a derrubada da presidenta Dilma sobre "virar a página do golpe"
se figura quase que como uma profecia quando todas as figuras mais execráveis
do 11 de Abril de 2016 como Paulo Pereira da Silva, o "Paulinho da
Força" (Solidariedade-SP), após ser vaiado pelos trabalhadores no encontro
de Lula com sindicatos e usar de chantagem pra se aliar com o Bolsonaro figura
entre os "aliados" do PT.
Enquanto essas alianças muito lamentáveis e prejudiciais vão sendo tecidas, a
situação do país se deteriora política e socialmente. A promiscuidade
institucional com o caso do deputado de extrema-direita Daniel Silveira
(PTB-RJ), numa ação que ninguém consegue apontar onde está a letra fria da
legalidade, foi a isca para que quase toda a esquerda fosse fisgada novamente
para a "defesa da institucionalidade" em nome do combate ao
"Golpe" do Bolsonaro esquecendo completamente que essas instituições
formam o Estado de Exceção que vigora desde a ruptura constitucional iniciadas
por elas próprias no Golpe de Estado de 2016.
Isso tudo começa agora a se virar (novamente) contra a esquerda, a começar pela
militância de base revolucionária da campanha do Lula, onde a gota d'água foi
quando o ministro Alexandre de Moraes determinou o fechamento dos canais de
imprensa digital do Partido da Causa Operária (PCO) em um escandaloso atentado
ao direito de livre expressão.
Em meio ao silêncio acovardado da esquerda diante da ilegalidade, setores
flagrantemente apoiaram a ação. Esses amplos setores ignoram também que não
existe luta institucional real contra o bolsonarismo, e que enquanto atacam
"pitibulls" bolsonaristas do baixo calão, Bolsonaro segue a entrega
do patrimônio nacional sem nenhuma oposição dos ditos Guardiões da Democracia.
A esquerda média ignora que Bolsonaro e STF são aliados diante da completa
conivência deste último em projetos como o que aprovou o confisco pelos
banqueiros de casas de pessoas que não podem pagar, e no último grande crime de
Lesa-pátria que foi a entrega da Eletrobrás por um preço que não paga nem a
metade da usina de Itaipú.
Enquanto dão autoridade ao STF pisotear a constituição e aprofundar o Estado de
Exceção, amordaçam os setores mais combativos da esquerda e a militância de base,
imperando a censura e calando a esquerda moderada através do Terrorismo
Judicial, preparando assim para impedir qualquer tentativa de um governo do PT
em reverter os ataques de 6 anos de Golpe.
A burguesia projeta para o futuro, caso Lula seja realmente eleito, um governo
desdentado, com um país destruído nas mãos e sem condições de reagir barrado
pelo poder judiciário e com um congresso ainda mais reacionário. Tal cenário
não teria outro resultado que não a volta da extrema-direita e um processo de dissolução
da esquerda reformista a começar pelo PT que já se encontra com sinais de
deterioração política pelas alianças com os golpistas.
A TML advertiu o perigo da conciliação com os golpistas para qualquer programa
minimamente progressista do PT e agora, por essas mesmas alianças, estão
suprimindo pontos importantes da campanha como a própria Revogação da
Destruição da CLT. Lula diz que não pode "fazer menos do que ele já
fez", o que significa que ganhar a eleição não resolverá o problema do
país.
É preciso construir os comitês de Luta pela Revogação do Golpe de 2016 e todos
os atos desde então, para que os trabalhadores participem ativamente do governo
e neutralize os efeitos nefastos das alianças golpistas. É preciso lutar contra
a censura do STF e das Redes Sociais, reafirmando o direito a liberdade de
expressão, organização e associação há muito tempo esquecidos pela esquerda que
se torna cada dia mais reacionária abandonando os interesses da classe operária
usurpados pela extrema-direita. É preciso construir as bases para Lula
presidente e para um Governo dos Trabalhadores.
Leonardo Silva é professor.
*Este espaço é aberto à manifestação democrática dos movimentos operário e popular.
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