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As armadilhas da corrida eleitoral sob um golpe de estado

João Dória do PSDB tucano e Lula do PT deflagraram a corrida eleitoral para 2018 e começaram a percorrer o Brasil fazendo campanha eleitoral, principalmente pelo nordeste reduto do PT.

Embora esteja dividido, com uma ala governista, dirigida pelo senador Aécio Neves, e outra “não governista”, dirigida pelo ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, bem como vivendo uma crise muito grande, aumentada pelo programa partidário na rádio e na televisão, em razão do bordão elaborado pelo próprio partido: “o PSDB errou”, que deixou a ala governista contrariada.

Todavia, o PSDB segue sendo o principal partido do golpe, juntamente com o DEM, pois ambos são instrumentos do imperialismo norte-americano, o grande patrono do golpe que tirou do poder a presidenta Dilma Rousseff do PT.

Ao que tudo indica, o imperialismo está impulsionando a campanha do direitista prefeito de São Paulo, João Dória, sendo que o PT, dirigido pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil) morde a isca ao acompanhar a corrida eleitoral, porque isso facilita a tarefa dos golpistas, que desviam a atenção da escalada golpista, que segue ininterrupta após a aprovação recentemente da “Reforma Trabalhista” que, na prática, acabou com a legislação trabalhista, a CLT.

Agora a conjuntura nacional tende a se agravar ainda mais, com a “Reforma Previdenciária”, a “Reforma da Segurança Pública” e  a “Reforma Política”.

A “Reforma Previdenciária”, a exemplo da “Reforma Trabalhista”, foi concebida para retirar direitos, ou seja, para acabar com a aposentadoria e suprimir direitos previdenciários, que não mais serão concedidos pelo INSS, que praticamente deixará de existir.

A “Reforma Tributária” visa apenas desonerar dos impostos a indústria, o comércio e os bancos, com o objetivo de avançar na privatização da Saúde e da Educação, deixando a população completamente desamparada.

A “Reforma da Segurança” pretende avançar no encarceramento (4ª população carcerária do mundo, com aproximadamente 700 mil presos) e genocídio da população pobre e negra das periferias das cidades, aumentando o verdadeiro apartheid em que vivemos, como observamos no Rio de Janeiro, sob Estado de Sítio permanente com a intervenção das Forças Armadas, também estendido a Vitória, no Estado do Espírito Santo, bem como no extermínio das populações quilombolas e dos povos indígenas, assim como nos assassinatos de camponeses, objetivando a recolonização do Brasil e a escravidão da população.

Já a “Reforma Política” tem o objetivo de tornar as eleições completamente anti-democráticas e controladas, como na ditadura militar de 1964, extinguindo os partidos políticos, com as cláusulas de barreira. Na ditadura, havia apenas dois partidos, a ARENA e o MDB. Esse é o modelo da “Reforma Política”.

Por outro lado, o governo golpista, por intermédio da Secretaria do Tesouro Nacional, anunciou recentemente um rombo de 56,09 bilhões de reais no semestre nas contas públicas. Não está dando mais para esconder. Tiveram muita dificuldade de definir a meta fiscal de 159 bilhões para 2017 e 2018, com Romero Jucá propondo 170 bilhões reais por ser “mais realista”, com certeza, principalmente, porque o golpista Temer tem feito uma farra com dinheiro público, distribuindo aos deputados e senadores, por meio de emendas.

Outras medidas que vinham sendo anunciadas demonstravam o total descontrole da economia gerida pelos golpistas, como, por exemplo, o aumento dos combustíveis, o “Programa de Demissão Voluntária” (PDV) da União, o adiamento do reajuste dos funcionários públicos federais, na verdade arrocho dos vencimentos. Tudo isso demonstra que o Brasil caminha para a quebra.

Para despistar, os jornais da imprensa golpista, funcionando como “assessoria de imprensa” de Michel Temer, anunciaram em 27/7, em manchete, que os juros caíram  e falaram em novo corte no futuro, referindo-se ao corte de um ponto na taxa Selic pelo Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom). Mas isso é só para tentar escamotear e disfarçar, já que a economia não responde, está como um paciente com morte cerebral.

Daí o desespero e a pressa para por fim  à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a condenação de Lula e as “Reformas”.

O Brasil está literalmente à venda. Ontem o governo golpista anunciou um pacote de 57 privatizações, entre elas da Eletrobrás, responsável por mais de 30% da produção da energia nacional, e a Casa da Moeda, sem falar na extinção da Reserva do Cobre nos Estados do Pará e Amapá, que apesar do nome é rica em ouro, verdadeiros crimes lesa-pátria que atentam contra a soberania nacional.

A pressa acompanha as “Reformas” também nos Estados membros importantes, como, por exemplo, o Estado de São Paulo, que está querendo aprovar a toque de caixa a privatização da SABESP, por pressão de Nova Iorque, onde a empresa tem ações na Bolsa de Valores.

É uma luta desesperada da burguesia para tentar reverter a queda na taxa de lucros, mas as privatizações não resolvem os problemas, mas sim os agravam, como demonstra o exemplo da concessão do Aeroporto de Viracopos em Campinas, onde a empresa que ganhou a licitação ficou endividada (milhões de reais) e quebrou, devolvendo todo o prejuízo para o Estado, que já prometeu nova licitação, isto é, mais sangria dos recursos públicos.

Embora Michel Temer tenha conseguido rejeitar a denúncia de corrupção passiva na Câmara dos Deputados, a possibilidade do golpe dentro do golpe, não foi afastada, pois poderá ser retomada com novas denúncias, antes do fim do  mandato de Rodrigo Janot, o Procurador Geral da República,  com o golpista Rodrigo Maia, do Democratas (DEM, ex-Partido da Frente Liberal – PFL -  e ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL – ARENA, o partido da ditadura militar de 1964), presidente da Câmara dos Deputados, articulando a derrubada do golpista Temer, abrindo a perspectiva da escalada golpista rumo à ditadura e ao fascismo.

Assim, a campanha eleitoral serve para jogar areia nos olhos da classe trabalhadora e desviar a atenção dessa escalada golpista na União e nos Estados membros, até pelo conteúdo populista da mesma, uma vez que é utilizada não para denunciar as mazelas do golpe que avança, mas para semear a ilusão que apertando um botão na urna eletrônica o cidadão poderá mudar o destino do Brasil. Apesar de que vai ser difícil convencer as pessoas de que apenas com o voto conseguiremos reverter essa recolonização e essa escravidão imposta pelos golpistas.

As denúncias de uma campanha eleitoral são insuficientes para impulsionar a mobilização do movimento operário e popular, devendo estar subordinadas ao eixo central que é a ação direta e a luta da classe operária, em aliança com os camponeses pobres e a juventude estudantil, liderando a maioria oprimida nacional, para derrotar o golpe.

Inclusive, é bom ter claro que em regime golpista sempre quem ganha as eleições são os golpistas, porque elas são sempre anti-democráticas e controladas, como no golpe de 1964 sempre ganhava a ARENA.

A experiência recente demonstrou que não adianta nada a eleição de um presidente da República, mantendo-se o conjunto do regime burguês e suas instituições reacionárias, como, por exemplo, o poder judiciário, o  ministério público, etc, instituições que não se submetem ao sufrágio universal, ao voto, ou seja, ao povo. Além do aparato repressivo, como a Polícia Militar e a Força Nacional.

Tanto que a presidenta Dilma foi eleita e os golpistas impuseram o ministro da Fazenda Joaquim Levy, do Banco Bradesco, para fazer o trabalho de sapa e sabotar a economia, golpe desferido logo em seguida.

As ilusões parlamentaristas e eleitoreiras desarmam a classe operária, como aconteceu com a desmobilização e o fracasso da que deveria ter sido a greve geral do dia 30 de junho; como as recentes 364 demissões na Ford de São Bernardo do Campo, onde ao invés de lutar, a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC preferiu fazer “acordo”; bem como comprometem as campanhas salariais de diversas categorias no segundo semestre. A política de "virar a página do golpe" de alguns setores do PT, implica numa adaptação ao golpe, representando um verdadeiro suicídio político.

O conjunto da classe operária, para deter essa escalada golpista, precisa entrar em movimento, rompendo a paralisia imposta pelas direções reformistas e pelegas, que levam essa política de conciliação e colaboração de classes, eleitoreira e parlamentarista, que tem levado o movimento popular a um beco sem saída, aplainando o terreno para o avanço da burguesia e do imperialismo, o que levou à derrubada presidenta Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT).

Assim sendo, cumpre ao movimento operário e popular buscar a ação direta, convocar um Congresso de base da classe trabalhadora, com delegados eleitos nos Estados, em São Paulo ou no Rio de Janeiro, para discutir um plano de lutas contra o desemprego que atinge 14 milhões de brasileiros pela estatística oficial (o número real ao que tudo indica é maior, aproximando-se de 20 milhões de desempregados) como um Fundo Desemprego, com os trabalhadores empregados doando 0,5% do salário; pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salário, para que todos trabalhem; com a escala móvel de salários, com os aumentos sendo de acordo com a inflação e ganhos reais; formação de milícias operárias e populares, a partir dos sindicatos; formação de um partido operário marxista e revolucionário; na perspectiva de uma greve geral por tempo indeterminado para a derrubada do regime golpista; rumo a um governo operário e camponês e a uma Internacional Operária e Revolucionária.

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