O Partido Obrero da Argentina vive uma enorme crise, com a expulsão de seu dirigente principal e histórico, Jorge Altamira.
No último Congresso de PO Altamira ficou em minoria e não se conformou, passando a atuar publicamente contra a atual direção, encabeçada por Nestor Pitrola.
Altamira veiculou suas posições publicamente por meio da organização uruguaia, ligada ao PO, alegando que a atual direção majoritária de PO é contra o Fora Macri.
Embora Altamira apresente essa justificativa, entendemos que não deve haver nada de principista nesta disputa, a qual descambou meramente para disputa de aparato burocrático, porque o PO há muito tempo vem defendendo uma política oportunista e eleitoreira, conforme capa antiga de seu jornal Prensa Obrera, com a palavra de ordem “Llevemos a la izquierda al Congresso”, ou seja, defendendo o cretinismo parlamentar, sendo que naquela época tanto Jorge Altamira como Néstor Pitrola eram os grandes protagonistas dessa política reformista e social-democrata.
Na ocasião do golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff do PT, PO criticou a trajetória da política de colaboração de classes do PT, no que estava certo, todavia essa crítica acertada não justificava a posição de “neutralidade”, de não se colocar contra o golpe em marcha no Brasil contra uma presidenta eleita, golpe esse liderado pelo imperialismo dos Estados Unidos e a CIA.
PO preocupava-se em fazer média com a Conlutas, chamando-a de central combativa, e com o PSTU e o PSOL, sugerindo um abstrato chamamento a um congresso de base dos trabalhadores. Embora reconhecia o golpe em andamento no Brasil, não se colocava contra o mesmo, demonstrando que esperava a derrocada do PT para que seus amigos no Brasil tirassem proveito eleitoral.
Fez de conta de que não sabia dos acordos traidores da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, dirigida pelo PSTU, com a General Motors e a Embraer, das traições nas greves da diretoria anterior, do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, também à época dirigida pelo PSTU, que foi incapaz de liderar um boicote às manifestações coxinhas da pequena-burguesia e da classe média paulistana, deixando o governo do Estado de São Paulo forçar os metroviários a fazerem horas extras no domingo, no dia 13/3/2016.
O objetivo do Partido Obrero, com certeza, era exportar a “Frente de Esquerda” eleitoreira e social-democrata, com sua política meramente parlamentarista.
Jorge Altamira queria se colocar como o herdeiro legítimo de Nahuel Moreno: quase conseguiu! No entanto, sua política política eleitoreira e social-democrata, aplainou o caminho, praticamente sem resistência, para Maurício Macri na Argentina, o mesmo que agora ele diz que quer que se vá.
A Liga Bolchevique Internacionalista, a LBI, criticou também a politica oportunista, reformista e social-democrata do Partido Obrero da Argentina, no entanto, ao mencionar a trajetória internacional de PO, disse que PO esteve junto com o Partido Obrero Revolucionário, da Bolívia, no Comitê pela Reconstrução da Quarta Internacinal (Corqui), elogiando Guillermo Lora, sem fazer nenhuma crítica à política frente populista do mesmo.
Embora o POR, liderado por Lora, tenha elaborado e aprovado as famosas “Tesis de Pulacayo”, baseada na Teoria da Revolução Permanente, de Leon Trotsky, a direção pablista da IV Internacional e todas as frações do POR apoiaram a ala esquerda do Movimento Nacionalista de Esquerda (o MNR), de Paz Estensoro, na Revolução boliviana de 1952, levando uma política frente populista e menchevique de apoio ao nacionalismo burguês, com base na teoria da “frente única anti-imperialista”, de Georg Zinoviev e Nicolai Bucarin, das “Teses do Oriente”, do IV Congresso da Internacional Comunista, em detrimento da Teoria da Revolução Permanente, de Leon Trotsky, a qual coloca a necessidade da liderança do proletariado, aliado aos camponeses e aos estudantes para a tomada do poder, numa luta ferrenha contra o nacionalismo burguês (e não se subordinando e apoiando ao mesmo), rumo ao governo operário e camponês, para realização das tarefas democráticas, da expulsão do imperialismo e da reforma e revolução agrárias, na perspectiva do socialismo.
Constatamos, pois, que a política reformista do PO é muita antiga e tinha de dar no que deu: na degeneração do aparato burocrático.
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