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I Conferência da Tendência Marxista-Leninista: contribuição do camarada Leonardo Silva

Envio aqui minha tese política acerca do tema da Frente Ampla proposto pela TML dando o início pelo âmbito internacional e logo mais farei uma sobre tema nacional baseado nesta.  Antes gostaria de fazer uns adendos no que diz respeito as minhas posições, frequentemente divergentes com as da direção exposta no programa de análise política semanal "TML em Campo", que para que não deixe confusão alterei o nome para "Opinião em Campo", elaborado por mim para alavancar a nossa imprensa, propaganda e agitação bem como a promoção da corrente e que tem alcançado êxito no Tik Tok com médias de audiência que tem crescido muito, mas que representam tão somente minhas posições como militante sobre as quais formularei em minha tese.

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I Conferência da Tendência Marxista-Leninista

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Carta à TML sobre a guerra da Ucrânia e crise do imperialismo

A classificação como país "imperialista", baseado na própria concepção de Lenin no seu livro "imperialismo, fase superior do capitalismo" é bem clara para que definamos as posições de cada país nas contradições políticas envolvidas nos conflitos entre as burguesias dos países imperialistas e a burguesia dos países atrasados baseados fundamentalmente na economia. A crescente dominação do capital financeiro sobre o produtivo, a destruição dos meios de produção da crise capitalista tem sido a principal e taxativa característica dessa definição.

Os bancos russos não dominam o panorama financeiro especulativo internacional, nunca chegaram a dominar o setor produtivo monopolista multinacional sequer no período de seu pleno vigor de desenvolvimento durante a URSS. Por tanto a Rússia não é um país imperialista porque é um país atrasado, de economia fundamentalmente agrária e de matéria prima bruta sobretudo de Gás e petróleo, com uma potência militar herdada da União Soviética. Os embargos à economia russa provam a tese uma vez que só os países imperialistas têm condições de promover tais embargos.

Se existisse um imperialismo russo, ele estaria dominado em primeiro plano pelo imperialismo norte-americano como todos os países imperialistas no mundo tais como Alemanha, França e Inglaterra e a guerra na Ucrânia não teria sentido. Imperialismo nesses termos é um clube seleto de países cujo capitalismo se desenvolveu até seu último grau, o que nunca ocorreu na Rússia. A guerra na Ucrânia prova a posição defensiva do capitalismo atrasado russo diante da ofensiva do braço armado da burguesia imperialista mundial representada pela OTAN.

Putin, elemento de origem do aparato repressivo da burocracia soviética, é um contrarrevolucionário herdeiro dessa burocracia stalinista restauradora do capitalismo e representante dessa perspectiva defensiva do nacionalismo burguês russo. Putin é o representante da dependência da burguesia atrasada do estado russo, da burocracia estatal herdada da União Soviética tanto para manter o controle da classe operária quanto para se defender da burguesia imperialista.

As mesmas concepções valem para a China, também um país atrasado de economia agrária e que desenvolveu suas potências produtivas a partir da capitalização pela exploração da mão de obra barata por parte do capital multinacional em fuga da pressão operária dos países de origem após o desmantelamento do estado operário pela burocracia do PCCH. Essa capitalização produtiva gerou um amplo crescimento econômico sob a opressão absoluta da classe operária chinesa, mas esse desenvolvimento embora a capacite a resistir às pressões do poder econômico imperialista mundial não é capaz nem de suplantá-lo nem muito menos substituí-lo.

O diagnóstico principal do conflito em que economias atrasadas se levantam contra as economias imperialistas é a crise do próprio imperialismo, mas que não será resolvida pelos estados capitalistas seja russo ou chinês por mais se aprofunde os conflitos. Não há um "novo imperialismo em ascensão" porque a crise é do imperialismo como sintoma da crise histórica do capitalismo.

O imperialismo, tal qual definiu Lenin, é um fenômeno da decadência capitalista e sinal de sua degeneração, do seu declínio. Ora, se o capitalismo é decadente desde Lenin que viu a ascensão do imperialismo, o desenvolvimento de um novo imperialismo seja russo ou chinês é um contrassenso, independente da vontade da burguesia russa ou chinesa em tornar tal coisa realidade. Nem tão pouco há uma "ordem multipolar" em construção, esta última só será possível com o fim do capitalismo.

A posição do movimento operário diante dos conflitos armados das burguesias atrasadas e seus estados contra as imperialistas está prescrita no que Trotsky exemplificou do Brasil na era Vargas durante o Estado Novo. Na ocasião Trotsky que definiu o Estado Novo como governo semifascista, supôs um conflito armado contra a Inglaterra "democrática" onde deveríamos nos colocar do lado do governo de Vargas sabendo que se a Inglaterra saísse vitoriosa ela instalaria uma ditadura absoluta no governo brasileiro, mas se fosse derrotada, levaria a classe operária mobilizada a acabar com a ditadura do Estado Novo.

Deve-se apoiar o lado oprimido contra o opressor, mas com independência de classe intervindo com uma perspectiva da construção do socialismo como único fator de vitória contra a opressão imperialista, expondo a incapacidade das burguesias russa ou chinesa de levar o conflito até o fim haja vista que para manter o controle da classe operária em seus países as burguesias atrasadas vão ceder ao imperialismo.

A classe operária russa deve ser estimulada a exigir do seu estado a participação no desenvolvimento e controle total dos meios de produção para só aí ter a efetiva força contra o imperialismo e não devemos jamais perder de vista que uma derrota por meio da derrubada do governo russo pressupõe uma ditadura feroz e a subjugação total do povo russo frente as forças da OTAN e a rapina geral do maior país do mundo.

A queda do estado operário soviético, dirigida por uma camarilha contrarrevolucionária, stalinista e restauradora, resultou no desabamento de uma barragem neoliberal no mundo e no mergulho da classe operária mundial num refluxo da qual não se recuperou até os dias de hoje, por tanto uma derrota russa reeditaria a onda neoliberal avassaladora que a sucedeu. A prova do fator progressista da intervenção da classe operária no conflito é a rebelião sindical francesa em uma onda de greves contra o governo Mácron, pelo qual a burguesia imperialista avança sobre suas conquistas históricas.

A classe operária dos países imperialistas sobretudo membros da OTAN, devem intervir em uma rebelião organizada contra seus governos pelo fim da Aliança do Atlântico, contra sua burguesia que além de enviá-la para o front para lutar pelos interesses de seus opressores colocará nela a conta a ser paga pela guerra. Lutar pela derrubada dos seus regimes acelerando a decomposição do imperialismo na crise capitalista e abrindo uma perspectiva revolucionária.

Saudações operárias!
Leonardo Silva

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