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Eleições presidenciais no Brasil: fraude e violência

© foto: Francisco Aragão

A curtíssima eleição presidencial do regime golpista nem bem começou e já está marcada pela fraude e pela violência, as quais tendem a se agravar e bater o recorde das eleições municipais de 2016, onde ocorreram 45 atentados e 26 mortes.

No Rio de Janeiro, que com a intervenção militar somente aumentou a violência, sendo que no dia 28 de julho, no Festival Lula Livre, nos Arcos da Lapa, militantes do Partido da Causa Operária (PCO) foram agredidos por “fiscais” do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), verdadeiro bando fascista, organizados pelos golpistas do judiciário, os quais arrancaram as bandeiras do PCO, partido com o qual a TML manifesta total e incondicional apoio e solidariedade contra a violência perpetrada pelo TRE carioca.

Na quinta-feira, dia 6 de setembro, o candidato fascista à presidência da República, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado, na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Os marxistas revolucionários são contra o terrorismo e ações individuais “exemplares”, porque somente acreditam na ação direta das massas, como nos ensinou Karl Marx: “A emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.” Mas, por outro lado, combatem o fascismo porque este é um instrumento do capital financeiro, bem  como advertem que os fascistas costumam assumir o poder de forma pacífica, como demonstram vários exemplos históricos. Isso aconteceu com Adolf Hiltler na Alemanha, em 1933, quando foi nomeado chanceler, primeiro-ministro, pelo presidente alemão Paul von Hindenburg, sendo que depois Hitler provocou incêndio no Reichstag (Parlamento alemão). Outro caso bem próximo a nós brasileiros, ocorreu no Chile, em 1973, quando o general fascista Augusto Pinochet foi nomeado comandante do Exército por Salvador Allende. Ou seja, eles vão assumindo "pacificamente", como quem não quer nada, e depois passam a promover a barbárie, como a História tem demonstrado.

Outra violência bastante significativa é o impedimento pelos golpistas da candidatura de Lula do Partido dos Trabalhadores (PT), líder em todas as pesquisas, preso político, vítima da farsa da Lava Jato, operação concebida pelo Departamento de Estado, pela CIA, e executada pela embaixadora golpista profissional dos Estados Unidos que ronda os países latino-americanos, juntamente com o judiciário e o Supremo e tudo (Câmara dos Deputados e Senado Federal, o Congresso Nacional).

A burguesia tenta por meio das eleições uma saída para a crise econômica e política do regime golpista. 

Um panorama da crise econômica nos dá Paulo Feldmann em seu artigo na Folha de S. Paulo de 18/8/2018, intitulado “A tributação de dividendos pode contribuir para reduzir o déficit público”, onde afirma que “Aqui, o grupo mais rico constituído por 2 milhões de pessoas – ou seja, 1% da população – recebe 28% de toda a renda do país.” E “neste ano, os números do governo devem fechar, se formos otimistas, com um déficit de R$ 150 bilhões.”  Concluindo: “Esta semana o IBGE divulgou que existem 27,6 milhões de brasileiros que não encontram trabalho.”

Tal quadro pode ser completado com os dados fornecidos pelo preocupado analista burguês Bruno Madruga em seu artigo no Diário do Grande ABC, também de 18/8/2018, no qual diz que:

“Esse cenário culminou em queda de -4,76% no Ibovespa até o último pregão de junho, eliminando o crescimento dos primeiros meses do ano. No Exterior, três grandes fatores foram os responsáveis por esse declínio: o aumento da taxa de juros norte-americana; a tensão comercial entre Estados Unidos e China; e o enfraquecimento da economia chinesa. Isso trouxe uma percepção de maior risco para os mercados emergentes e impactou negativamente o mercado brasileiro.

Já no campo doméstico, dados de atividade econômica mais fracos, que desapontaram os investidores, e a recente greve dos caminhoneiros trouxeram incerteza ainda maior. Assim, a expectativa de um PIB (Produto Interno Bruto) de 3% de alta neste ano, caiu para 1,5%.  No cenário político, a incerteza é ainda maior, visto que as candidaturas que estão à frente das pesquisas se mostram menos comprometidas com as reformas necessárias ao Brasil. Esses fatores ocasionaram queda de 20% na Bolsa de Valores desde meados de maio até o fim de junho. A incerteza também afetou os fundos multimercados, os fundos imobiliários e até mesmo títulos de renda fixa de maior prazo, pois vimos as taxas de juros longas, com vencimentos em 2023 e 2025, subirem forte no momento de estresse, assim como o dólar, que chegou a atingir patamares próximos a R$ 4.

Para o próximo semestre, a percepção de risco não deve diminuir.  (...) Desta forma, o mercado deve continuar volátil e desafiador neste semestre. Trabalhamos com a taxa Selic em 6,5% ao ano até o fim de 2018, e cenário do Ibovespa na casa de 90 mil pontos (...).”

A crise econômica potencializa a crise política do regime golpista. Lula lidera a corrida eleitoral, sendo que as candidaturas burguesas não decolam, principalmente a de Geraldo Alckmin, o candidato ungido pelo imperialismo e a burguesia brasileira, com o acordo com o denominado Centrão.

Por outro lado, o PT mantém a candidatura de Lula, o que é mais um fator de desestabilização do regime golpista.

O regime golpista se apoia no Poder Judiciário que tem sido a ponta-de-lança do golpe até aqui, inclusive impede a candidatura mais popular, a de Lula, com a prisão política deste, produto da farsa judicial denominada Operação Lava Jato, concebida pela CIA.  Por outro, apoia-se nos militares, os quais vem gradativamente assumindo postos importantes, ministérios, e aumentando a violência do regime golpista, como demonstra a intervenção no Rio de Janeiro e a escalada do encarceramento em massa da população pobre e negra das periferias das cidades e as prisões políticas de lutadores do movimento popular.

Recentemente recebemos a notícia de que a Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) recomendou ao governo golpista brasileiro que garantisse a participação de Lula nas eleições presidenciais. Em primeiro lugar, a TML enfatiza que a ONU não passa de um covil de bandidos, como disse Lênin de sua antecessora, a Sociedade das Nações. Quem duvida, ou acha que isso é um exagero, é só lembrar que a ONU é formada e dirigida pelos Estados imperialistas, tendo à frente os Estados Unidos, a Inglaterra, a França, a Alemanha, a Rússia, a China e o Japão, além do que, em 1948, criou o Estado sionista e terrorista de Israel,  o qual ocupa a Palestina e cotidianamente massacra seu povo. Em segundo lugar, tal recomendação demonstra a preocupação, a insegurança e a divisão do imperialismo com relação à situação da conjuntura brasileira que tende a fugir do controle, com a entrada em cena e o protagonismo da classe operária e do movimento de massas, ao mesmo tempo que escancara o tamanho da fraude eleitoral.

Os marxistas revolucionários não semeiam ilusões em pleitos burgueses, ao contrário denunciam seu caráter antidemocrático, fraudulento e violento, ao mesmo tempo que aproveitam para propagandear seu programa operário, marxista e revolucionário, por meio de candidaturas operárias e socialistas revolucionárias, porque sabem que somente a ação direta e revolucionária das massas, através da revolução proletária poderá destruir o Estado burguês e suas instituições reacionárias que exploram o povo.

Nessa perspectiva, a TML defende a realização de um Congresso da classe trabalhadora, em São Paulo, com delegados de base eleitos nos Estados da Federação brasileira, para a discussão de um programa de lutas pela liberdade imediata de todos os presos políticos, como Lula, João Vaccari e Delúbio Soares; formar comitês de autodefesa, milícias operárias e populares a partir dos sindicatos e ampliar os comitês de luta contra o golpe; defesa das bandeiras da escala móvel de salário, com reajustes e aumentos de acordo com os índices do DIEESE; redução da jornada de trabalho para 35 horas, sem redução de salários; contra o congelamento dos gastos públicos por 20 anos (resultado da aprovação da PEC do fim do mundo); anulação da “Reforma Trabalhista”; contra a “Reforma da Previdência”, contra o fim da aposentadoria e dos direitos previdenciários; Fundo Desemprego, com os trabalhadores empregados doando 0,5% do salário mensal; Fora Temer! Abaixo o Golpe!; expropriação dos meios de produção: fábricas,  empresas, bancos para o controle operário, direção e livre associação dos trabalhadores; universidades e escolas para implantação do ensino público e gratuito com direção da comunidade universitária (professores, estudantes e funcionários); reforma e revolução agrária,  expropriação dos latifúndios, terra para quem trabalha; expulsão do imperialismo; monopólio do comércio exterior e economia planificada, instaurando um governo revolucionário operário e camponês, rumo ao socialismo e da construção da Internacional Operária e Revolucionária.

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