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Perspectiva da classe trabalhadora pós-eleição 2020

© foto: Marlene Bergamo

As eleições municipais de 2020 ocorreram da mesma forma que as primeiras eleições de 2018, após o golpe de 2016 contra a ex-presidenta Dilma e o PT, ou seja, marcada pela violência e fraude, com a proscrição de Lula por intermédio da perseguição judicial golpista. Como sempre, nas eleições brasileiras ocorrem vários assassinatos, sendo que, neste ano, até no dia das eleições do primeiro turno um candidato foi assassinado.

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O pleito eleitoral brasileiro é totalmente antidemocrático, uma vez que a legislação em vigor impõe restrições e persegue aos partidos operários e populares, realizando a campanha eleitoral em curtíssimo prazo para não permitir a propaganda dos mesmos, privilegiando os partidos da burguesia na televisão e no rádio e favorecendo o poder econômico deles, que assim mantêm o monopólio da campanha eleitoral, com gastos milionários.

Além disso, as urnas eletrônicas brasileiras são suspeitas, uma vez que, absurdamente, não permitem a recontagem dos votos. O sistema das urnas brasileiras foi recusado por diversos países. Nunca é demais lembrar a fraude contra a eleição de Brizola no Rio de Janeiro. Inclusive este ano houve um atraso muito suspeito na contagem dos votos no primeiro turno e no segundo turno os “institutos de opinião” não divulgaram a pesquisa de boca de urna.

O PT segue sendo o principal partido operário e popular brasileiro, mesmo sofrendo a perda de 28% dos prefeitos neste pleito (254 em 2020 para 183 em 2020) e 5% dos vereadores (2.818 em 2016 para 2.665 em 2020).

Cumpre destacar, que em setores operários importantes, o PT obteve grande vitória, como em Diadema e Mauá, no ABC paulista, na Grande São Paulo, e em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Isso significa que setores importantes da classe operária brasileira ainda identificam o PT como o seu partido.

Todavia, o retrocesso do PT continua sendo impulsionado pelas forças golpistas, mas também pela política de conciliação e colaboração de classes da direção majoritária do PT, que aplainou o terreno para o golpe de 2016.

A tendência é a aumentar a crise do PT, uma vez que não há autocritica no seio do partido da política de conciliação e colaboração de classes e setores direitistas e oportunistas, liderados Jaques Wagner e Rui Costa estão levantando a cabeça, para liquidá-lo.

A direção majoritária do PT, apesar dos problemas enfrentados pelo partido, recusa-se a fazer uma autocrítica séria e insiste na política de conciliação e colaboração de classes, na política eleitoreira e parlamentarista, recusando-se a mobilizar a classe trabalhadora.

O PT, ao contrário dos demais partidos operários e populares, possui uma inserção no movimento de massas, na CUT, MST, UNE, etc. Não obstante, sua política de conciliação e colaboração de classes está sendo fatal para o partido. A ausência de luta nas campanhas salariais das diversas categorias em que o PT dirige; o apoio aos ataques às conquistas dos trabalhadores, eufemisticamente denominados de “Programa de Proteção do Emprego” (que na verdade não protege o emprego, apenas ajuda aos patrões a demitirem); as paralisações de apenas 1 dia, usadas como válvula de escape do descontentamento dos trabalhadores, em detrimento da greve geral por tempo indeterminado, pela anulação das “Reforma Trabalhista e Previdenciária” (fim dos direitos trabalhistas e previdenciários, fim da aposentadoria),  contra a  “Reforma Administrativa” (que significa o fim da estabilidade no emprego); juntamente com a perseguição do aparato do Estado burguês estão levando o partido para um beco sem saída.

O PCdoB (com o PPL) elegeu 46 prefeitos (em 2016 elegeu 81) e vereadores 694 (em 2016 elegeu 1.121), ou seja, diminuiu pela metade. O PSOL elegeu 5 prefeitos (em 2016 elegeu 2), sendo um deles o prefeito da capital paraense, Belém, e 89 vereadores (em 2016 elegeu 56). O PSOL teve um crescimento, que reflete a adesão de uma parcela da classe média e dos estudantes, as bases de sua composição social. Reflete também a posição programática democratizante, reformista de conciliação e colaboração de classes, representada por Guilherme Boulos e Luíza Erundina, esta conhecida oportunista que foi ministra da administração federal do presidente Itamar Franco.

Logicamente, neste balanço apenas consideramos o partidos operários e populares, não consideramos partidos burgueses como o PDT e o PSB. A TML, ao contrário da maioria dos partidos operários e de massas, não vê as eleições burguesas, ainda mais as brasileiras, como uma panaceia para todos os males. Sabemos que o caminho da classe trabalhadora é de luta, sem nenhuma ilusão eleitoreira ou parlamentarista.

Por isso, não nos desviamos com as eleições e seguimos defendendo uma programa de transição, a partir dos interesses imediatos dos trabalhadores, apontando para os seus interesses históricos.

A crise econômica profunda do capitalismo mundial na atualidade vai aumentando cada vez mais, agravada pela pandemia do coranavírus, o Covid-19. A Europa e os Estados Unidos estão sofrendo a “segunda onda”, com uma força devastadora ainda pior. Nos EUA outro dia morreram 3.000 pessoas, como se fossem as Torres Gêmeas.

No Brasil, mais de 600 pessoas estão morrendo diariamente. A economia recuou 5% (“mercado financeiro” fala em 5,95%),  enquanto a inflação está voltando com todo força: neste mês chegamos a 1,03%, sendo que a inflação acumulada chegou a 4,79%.

Além disso, a cada dia aumenta a violência policial com assassinatos de pobres e negros e o encarceramento em massa da população. O desmatamento e queimada do Pantanal e da Floresta Amazônica seguem implementados pelo governo golpista, sendo que tais ecossistemas correm o risco de se tornarem desertos. Essas contas, cedo ou tarde, uma hora vão chegar ao governo golpista, motivo pelo qual devemos estar preparados para cobrá-lo com juros e correção monetária.

Assim, continuamos a luta pela formação e mobilização de uma frente única dos trabalhadores, com os partidos operários e as organizações de massas, como o PT, PCdoB, PCO, PSTU, PCB, CUT, CTB, INTERSINDICAL, Força Sindical, CSP-Conlutas, UNE, UEEs, MST, MTST, etc, pelas palavras de ordem de escala móvel de salários, de acordo com os índices do DIEESE; redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; anulação das “Reformas Trabalhista e Previdenciária”; contra a “Reforma Administrativa”; Fim do desmatamento e queimadas do Pantanal e da Floresta Amazônica; desmantelamento do aparato repressivo; fim do encarceramento em massa; Fora Bolsonaro e todos os golpistas!;  na perspectiva de um governo operário e camponês, rumo ao Socialismo.

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