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Do levante de 7 de setembro ao fracasso do dia 12: a burguesia abandonando a 3ª via

© imagem: André Dahmer | por Leonardo Silva*

O bolsonarismo levantou a cabeça no dia 7 de setembro depois de um período de defensiva que teve seu auge após a segunda onda da pandemia quando vieram à tona as denúncias de um esquema de propinas relacionado à compra de vacinas seguido do crescimento das manifestações da esquerda que retomaram as ruas. Com quase 700 mil mortos representando uma catástrofe histórica e um crime de lesa-humanidade, os fascistas lotaram as ruas principalmente em São Paulo e Brasília, e esse fato desastroso pôs a nu uma série de fatores da situação política.

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A primeira delas é a total falência das ditas "instituições democráticas" e as deficiências da maior parte das direções da esquerda que à reboque destas instituições fizeram refluir os movimentos de rua. O segundo fator está na tentativa de "domesticação" dos fascistas pelo judiciário golpista no STF representado pelo tucano Alexandre de Morais, que passando sistematicamente por cima da lei, efetuou prisões de elementos bolsonaristas do terceiro escalão com base em conteúdos 

de internet instigando com métodos golpistas a fúria igualmente golpista dos cachorros loucos que representam a base social do presidente da república.  O STF tem especial responsabilidade pelo levante bolsonarista pelo fato de seguirem a mesma cartilha do golpe de 2016, quando articulados com a imprensa golpista perseguiam o PT passando por cima de todo processo legal para o delírio da "opinião pública" da mesma classe média hoje na base bolsonarista.

No jogo agora invertido, estão na plateia da "torcida" a classe média de esquerda que enchem as páginas de correntes em favor do golpista Alexandre de Morais de maneira totalmente histérica e acrítica. Sem qualquer compromisso com constitucionalidade das próprias instituições burguesas que representam o estado não é possível imaginar que os bolsonaristas que são produto do golpe e que nunca foram minimamente democráticos obedeçam a qualquer ordem legal.

O desastre manifestado no dia 7 foi seguido de uma profunda desorientação dentro da esquerda que num sinal de absoluto delírio emocional coletivo, depois de espalhar o medo para desmobilizar os movimentos sociais no dia 7, deu os atos bolsonaristas como "fracassados" tendo por base a avaliação anterior equivocada de que eles estavam indo para um auto-golpe. O desastre só não foi maior porque o vácuo preenchido pelos bolsonaristas teve resposta em contra-atos bastante expressivos das organizações populares na rua, principalmente em São Paulo, desafiando todos os obstáculos impostos pelo governo Dória que entregou a Av. Paulista para os fascistas.

Logo depois a mobilização da direita golpista tradicional em aliança com fascistas bolsonaristas dissidentes do MBL que buscam a "3ª via" fracassou de uma maneira ridícula e vergonhosa mostrando que a única força real de oposição ao bolsonarismo, e que as próprias direções da esquerda ignoram ao buscar aliança com golpistas, são os movimentos sociais e as bandeiras pela candidatura de Lula.

Tudo isso mostra que o dia 7 e o dia 12 estão interligados na situação política pelo simples motivo de que não foram só setores tipicamente bolsonaristas da burguesia do baixo clero que financiaram as mobilizações fascistas.

A reorientação de amplos setores da burguesia se inclinando de volta ao bolsonarismo se mostra pelo motivo de que eles teriam perfeitamente condições de organizar atos artificiais, com movimentos alugados, campanhas empresariais e ONGs de faixada e movimentos indenitários tudo com apoio do imperialismo para promover um evento pró 3ª maior do que o que foi feito. A questão é por quê não fizeram?  O cálculo é simples, não há 3ª via e o dia 12 foi o termômetro que mediu terminantemente a questão.

A um ano das eleições, já não está mais sendo viável para a própria imprensa capitalista esconder a operação de reagrupamento em torno de Bolsonaro para o combate efetivo a Lula. Isso fica escancarado no ataque ao jornalista do orgão de imprensa alternativa "Brasil 247" Joaquim de Carvalho por setores da própria imprensa dita "democrática" e especialmente da imprensa golpista como a Folha de S. Paulo após a publicação do documentário “Bolsonaro e Adélio – Uma fakeada no coração do Brasil”.

O documentário teve ampla repercussão levantando questões que demonstram a fragilidade do suposto atentado que beneficiou grandemente Bolsonaro em 2018 e isso para os golpistas pode colocar abaixo o seu principal "plano B" contra Lula; Bolsonaro.

Todos esses elementos tem que ficar bastante claro para aqueles que lutam pela derrubada do governo Bolsoanro, para neutralizar a insistente política de alianças com setores golpistas da direita que só tem um intuito; Sabotar um movimento pró-Lula e, não mais eleger a inviável 3ª via, mas salvar Bolsonaro. Essa política persiste, tem desmantelado os movimentos populares e é preciso ser rejeitada com palavras de ordem intransigentes: Fora golpistas dos atos da esquerda! Fora Bolsonaro, Lula presidente!

Goiânia, 17/09/2021.

Leonardo Silva é professor.

Este espaço é aberto à manifestação democrática do movimento operário e popular.

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