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Atentados na Bélgica: marxistas são contra o terror individual

Os atentados ocorridos na Bélgica, no dia 22/3, cometidos pelos irmãos Khalid e Ibraim el Bakroani, que detonaram explosivos, no Aeroporto Internacional de Zaventem, no nordeste de Bruxelas, e na Estação de Metrô de Maabeek, no Centro da capital Belga, onde morreram aproximadamente 30 pessoas e ficaram feridas mais de 270,  com o Estado Islâmico reivindicando os ataques.

Esses atentados precisam ser analisados politicamente e exigem um posicionamento dos marxistas.

Como ensinou o filósofo holandês, Baruch Spinosa, “Não rir, nem chorar, mas compreender”.

É preciso desde já deixar ressaltado e bem claro que, como marxistas, somos contra o terrorismo individual, como ensinou Leon Trotsky, em seu texto “Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual”, de novembro de 1911:

Para nós o terror individual é inadmissível precisamente porque apequena o papel das massas em sua própria consciência, as faz aceitar sua impotência e volta seus olhos e esperanças para o grande vingador e libertador que algum dia virá cumprir sua missão.
(...)
Porém a fumaça da explosão se dissipa, o pânico desaparece, um sucessor ocupa o lugar do ministro assassinado, a vida volta à sua velha rotina, a roda da exploração capitalista gira como antes: só a repressão policial se torna mais selvagem e aberta. O resultado é que o lugar das esperanças renovadas e da excitação artificialmente provocada vem a ser ocupado pela desilusão e a apatia.

Colocada essa premissa fundamental, vamos desenvolver nossa análise.

O imperialismo Europeu têm uma atuação histórica de opressão colonial na África e no Oriente Médio. Depois, foi ultrapassado pelo imperialismo norte-americano.

Hoje, juntamente com os Estados Unidos e os países ligados à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a França e a Bélgica armaram inicialmente o Estado Islâmico, que a pretexto de fanatismo religioso desenvolve uma política fascista, levando a barbárie à Síria e ao Iraque.

Porém, ao que tudo indica, os Estados Unidos e os demais países imperialistas ligados à OTAN perderam o controle sobre seus aliados do Estado Islâmico, como aliás já ocorreu historicamente com outros aliados de Washington, da Casa Branca, como Sadan Hussein, do Iraque, na guerra contra o Irã, e de Osama Bin Laden, na guerra contra a URRS (a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), no Afeganistão.

Como marxistas, nos colocamos contra a política fascista do Estado Islâmico e defendemos a formação de um partido operário leninista na Síria e no Iraque para derrotar os fascistas e lutar um governo dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio.

Prosseguindo, o capitalismo hoje, na sua fase de decadência imperialista, passa por crises sucessivas cada vez maiores e mais profundas, sendo certo que somente a revolução mundial poderá sepultar esse regime de exploração do homem pelo homem.

Kautski imaginou o surgimento de um surper-imperialismo, com a atenuação da luta de classes, com a passagem ao socialismo de forma pacífica.

Todavia,  Lênin é que tinha razão. Para o líder do Partido Bolchevique, a nossa época é imperialista, a época da fusão do capital industrial e bancário, formando o capital financeiro, é a época dos monopólios, de reação em toda linha, de guerras e revoluções. As contradições na fase imperialista, ao invés de se atenuarem, elas se exacerbam, chegam ao paroxismo, com a atuação da ONU, que como disse Lênin de sua antecessora, a Sociedade das Nações, é  um covil de bandidos, e suas forças armadas, a OTAN.

Agora com a ascensão dos imperialismo do Bloco Eurásico, ou seja, da China e da Rússia, países que, por serem ex-estados operários realizaram as chamadas tarefas democráticas, conseguindo expulsar o imperialismo e fazer a reforma e revolução agrária, obtiveram uma verdadeira independência nacional, e com a liberação das forças produtivas, em razão de ter vigorado, nas sociedades de transição ao socialismo que viveram, a lei da economia planificada em contradição com a lei do valor (conforme estudos do revolucionário e economista russo Eugênio  Preobrajenski, em sua obra “A Nova Econômica”), puderam liberar as forças produtivas, o que permitiu desenvolverem-se como países imperialistas, sendo que hoje exportam capitais e disputam mercados com os principais imperialismos tradicionais, isto é, Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e Japão.

Assim, a disputa imperialista que, aparentemente, havia se “acomodado” com a passagem do Estados Unidos para a liderança dos países imperialistas, superando a Inglaterra (chegou-se a falar na “Pax americana”), agora com a ascensão do Bloco Sino-russo, as contradições imperialistas voltaram a se exacerbar.

O Bloco Eurásico fundou recentemente, em 15 de julho de 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), mais conhecido como o Banco do Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), com um aporte inicial de 100 bilhões de dólares, o que coloca em xeque a hegemonia do dólar, estabelecida nos acordos de Bretton Woods, desde 1944.

A China avança na América e os Estados Unidos provocam escaramuças com ela nos Mares do Sul da China.

A Rússia está em conflito com os Estados Unidos na Ucrânia. Recentemente, uma avião comercial russo foi derrubado no Egito, matando centena de pessoas, provavelmente por intervenção do enclave sionista e terrorista de Israel, sustentado pelo imperialismo norte-americano. Além disso, um caça russo foi derrubado pela Turquia, ligada à OTAN, matando um dos pilotos. Sem dúvida, há o acirramento das disputas imperialistas, o que coloca a possibilidade da deflagração da III Guerra Mundial, sendo que, como revolucionários internacionalistas, nos colocamos pela derrota das burguesias nacionais e imperialistas.

A China avançou nos mercados da América Latina, comprando commodities da Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela (carne, minério de ferro, soja, petróleo, etc), enquanto vende usinas nucleares para a Argentina, exporta capitais, etc. Por isso, que os Estados Unidos jogam pesado, com a política golpista, para substituir os governos latino-americanos, visando a “quebra dos contratos”, logicamente com a China e a Rússia, porque os contratos com eles, Estados Unidos, devem ser honrados.

Na Argentina, Macri governa por decreto e impõe uma ditadura. Com certeza, vai tentar romper os contratos com a China e com a Rússia, pois voltou-se para os Estados Unidos, colocando uma espiã da CIA como chanceler, como ministra da relações exteriores, e também para o enclave sionista e terrorista de Israel. Inclusive, já deteve a líder indígena Milagro Sala, que está fazendo greve de fome, correndo risco de morte.

Essa experiência da Argentina precisa ser estudada pelo movimento operário e popular brasileiro e latino-americano, tendo em vista o chamado efeito Orloff, ou seja, a vitória da direita golpista, da burguesia pró-imperialista coloca a criminalização dos movimentos sociais e populares. A Bolívia, o Chile, o Equador, o Uruguai e a Venezuela poderão ser a Argentina amanhã, sendo que, no Brasil, o golpe em marcha está bem avançado, e os golpistas pretendem apear Dilma e o PT do governo no mês que vem, em abril.

Assim, com o acirramento das disputas inter-imperialistas, o que está colocado para o proletariado mundial é construir uma nova Internacional Comunista, Operária e Revolucionária, a partir das seções nacionais nos países imperialistas, como os Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, China e Rússia, nos semi-coloniais, como Argentina, Brasil, México, Índia, África do Sul, e na Palestina ocupada, para a revolução social, e nos Estados operários burocratizados, como Cuba e Coreia do Norte, para a revolução política, com a estratégia da revolução socialista mundial.

Erwin Wolf

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