A TV Cultura reapresentou ontem, dia 1º de março o programa “Persona em foco” com o dramaturgo Lauro César Muniz, que havia sido exibido inicialmente em 18 de agosto de 2015.
O programa foi apresentado por Cláudio Cury, Flávio Guarnieri e Atílio Bari.
Lauro falou sobretudo a respeito da sua carreira de dramaturgo, desde o início quando formou-se pela Escola de Artes Dramáticas (EAD), passando pelas suas peças, as quais foram muito censuradas, algumas chegaram a ser totalmente censuradas.
Em 1968, encenou a peça “Direita Volver”, desafiando a ditatura militar da época.
Cury lhe perguntou se ele tinha sido comunista e se mantinha as suas convicções. Ele disse que participou do “partidão”, pois havia sido cooptado por uma atriz e que fez somente trabalho sem muita importância no Partido Comunista. Além disso, assinalou que a formação marxista ficou bastante sedimentada e que o socialismo pecou na sua rigidez, devido à censura, mas que acredita que ainda ocorrerá uma experiência mais libertária, porque a história não para.
O dramaturgo explicou que a televisão foi a salvação dos profissionais na época, pois em razão da censura estava quase impossível fazer teatro.
Lauro falou ainda sobre suas novelas, como “As pupilas do Senhor Reitor”, com Dionísio de Azevedo, e “Casarão”, “Escalada”, “Roda de Fogo”, etc.
Perguntado por que saiu da Rede Globo, se saiu em razão de desentendimento com Jaime Monjardim, ele disse que não foi por isso, mas sim acha que foi por causa do Mário Vaz, que não gostava dele, porque Lauro se dava muito bem com o antigo diretor, Daniel Filho.
Sobre novelas, Lauro esclareceu que não faz mais porque elas exigem muito, absorvem praticamente um ano de trabalho, com dedicação absoluta, como no caso da novela "Casarão", que se passava em três épocas diferentes. Pretende fazer mini-séries. Está trabalhando atualmente uma sobre Carlos Gomes, com o maestro Júlio Medaglia.
Durante o programa, foram apresentadas gravações de vários atores, que trabalharam com Lauro, saudando-o, como Antônio Fagundes, Stênio Garcia, Mayra Magri, Rolando Boldrin, assim como trechos das novelas.
Lauro explicou a diferença entre televisão, teatro e cinema. A televisão, em razão do número muito grande de capítulos, em média mais de duzentos, desenvolve-se mais o trabalho, ou seja, de certo modo ele é prolongado. Já no teatro o trabalho é mais imediato, há que se prender a atenção da plateia o tempo todo, durante uma hora e meia a duas horas, numa peça grande. Por fim, o cinema, ele entende que é a arte do diretor, este é absoluto, apesar do trabalho do roteirista. Lauro teve 12 de seus 14 roteiros para cinema filmados, mas disse que não gostou muito, ou seja, gostou de uma coisa e ou de outra, mas nunca de tudo que foi filmado.
Ao final do programa, os apresentadores abriram para a plateia que assistia ao programa, que fez inúmeras perguntas. Lauro, numa das respostas, deu algumas dicas muito importante para a formação de novos dramaturgos: disse que era importante ler todos os clássicos, desde de os gregos; que ler textos teatrais no começo é difícil, mas que depois a pessoa vai se interando e flui de forma prazerosa; que há poucos livros sobre dramaturgia, mas recomendou dois livros de Renata Pallotinni, um sobre teatro e outro sobre personagens.
João Neto
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