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Vitória do MAS nas eleições boliviana

O candidato do MAS (Movimento ao Socialismo) Luis Arce, apoiado por Evo Morales, na apuração inicial está com  52% dos votos contra candidato da burguesia golpista Carlos Mesa, com 30% dos votos. Ao que tudo indica, Luis Arce deverá ser eleito presidente da Bolívia.

Luis Arce foi ministro da Economia e Finanças Públicas do governo de Evo Morales, que sofreu um golpe de Estado, marcado pela enorme resistência espontânea e empírica das massas da Central Operária Boliviana (COB) e do partido MAS, os quais tomaram as ruas da Bolívia, para derrotar os golpistas liderados por Camacho e Jeanine Áñes.

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A TML não tem nenhuma simpatia por Evo Morales que capitulou aos golpistas sem nenhuma luta, além de anteriormente ter entregue o ativista Cesare Battisti aos fascistas italianos. Todavia, contra um golpe de Estado da burguesia ultradireitista, como marxistas, adotamos a política de Lênin e Trotsky contra ao golpe do general fascista Kornilov, fazendo frente única com o governo de Kerensky. Os bolcheviques lutaram com Kerensky, sem apoiá-lo, sem apoiar a sua política pequeno-burguesa (e como dizia Lênin, é uma linha tênue, mas faz toda diferença), para derrotar o general Kornilov, o que propiciou em seguida a queda do próprio Kerensky pela Revolução proletária de outubro de 1917.

Assim, na Bolívia hoje defendemos a frente única da COB e do MAS (isto é, a aliança operário, camponesa e estudantil, pois a COB representa os operários bolivianos, sobretudo os mineiros e o MAS aos camponeses e indígenas pobres) contra os golpistas liderados por Fernando Camacho, Carlos Mesa e Jeanine Áñes, defendendo a ruptura dessas organizações de massas com a burguesia nacionalista, no sentido da organização independente do proletariado boliviano, na perspectiva de um governo operário e camponês, rumo à revolução proletária  e ao Socialismo.

Triste fim do POR boliviano
Infelizmente, temos de mencionar o triste fim do Partido Obrero Revolucionário da Bolívia como um partido operário, em razão de sua política ultra-sectária de “Nem Evo e nem Camacho”, similar à política do “Fora todos” adotada aqui no Brasil pelo PSTU morenista contra Dilma Rousseff do PT, que na verdade era o “Fora Dilma”, como na Bolívia é o “Fora Evo” pró ao fascista Camacho. O PSTU não passou impune por sua política contra revolucionária, tendo rachado em 4 partes. O mesmo deverá ocorrer com o POR boliviano e a sua organização internacional, o Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional (Cerqui), os quais tenderão a desaparecer, inclusive podemos detectar isso já na posição envergonhada adotada pela TPOR brasileira de falar em “golpe” na Bolívia.

O POR boliviano foi um partido da IV Internacional que estabeleceu inicialmente uma estratégia marxista revolucionária com as Teses de Pulacaio de 1946, com base na Teoria da Revolução Permanente, todavia na Revolução de 1952 todas as suas frações apoiaram a ala esquerda do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), do nacionalismo burguês, adotando uma estratégia menchevique de conciliação e colaboração de classes, o que contribuiu para a derrota da Revolução boliviana e para a liquidação da IV Internacional.

Não há como não voltar a Trotsky e seus camaradas no Programa de Transição de 1938, quando nos advertiram do sectarismo:

“Sob a influência da traição das organizações do proletariado, nascem ou se regeneram na periferia da Quarta Internacional, grupos e posições sectárias de diferentes gêneros. (...) Para os sectários, preparar-se para a revolução significa convencerem-se das vantagens do socialismo. Propõem voltar as costas aos “velhos” sindicatos, isto é, dezenas de milhões de operários organizados, como se as massas pudessem viver fora das condições da luta de classes real ! Permanecem indiferentes à luta que se desenvolve no seio das organizações reformistas como se pudéssemos conquistar as massas sem intervir na sua luta diária ! (...).”

 

(...)

 

“Os sectários são capazes de distinguir somente duas cores: o branco e o preto. Para não se exporem à tentação, simplificam a realidade. Recusam-se a estabelecer uma diferença entre os campos em luta na Espanha pela razão de que os dois campos têm um certo caráter burguês.”

 

(...)

 

“Incapazes de se mostrarem acessíveis às massas, estão sempre dispostos a acusá-las de serem incapazes de se elevarem até às ideias revolucionárias.

 

(...)

 

(...) “Os acontecimentos políticos são para eles ocasião de fazer comentários, mas não de agir. Como sectários – assim como os confusionistas  e os fazedores de milagres de toda espécie – recebem a cada momento chicotadas da realidade, vivem em estado de continua irritação queixando-se sem cessar do “regime” e dos “métodos” e entregando-se a intrigazinhas. Em seus próprios meios exercem, ordinariamente, um regime de despotismo. A prostração política do sectarismo apenas completa, como sua sombra a prostração do oportunismo, sem abrir perspectivas revolucionárias. Na prática política, os sectários unem-se aos oportunistas,  sobretudo aos centristas, para lutar  a todo instante contra o marxismo.”

 

“A maioria dos grupos e grupelhos sectários desse gênero, que se alimentam das migalhas caídas da mesa da Quarta Internacional, levam uma existência organizativa “independente”, com grandes pretensões, mas sem a menor chance de sucesso. Os bolcheviques-leninistas podem, sem perder o seu tempo, abandonar tranquilamente estes grupos à própria sorte. Entretanto, as tendências sectárias encontram-se também em nossas própria fileiras e exercem uma funesta influência sobre o trabalho de certas  seções. É impossível continuar contemporizando com eles, seja por um único dia. Uma política justa quanto aos sindicatos é um condição fundamental para se pertencer à Quarta Internacional. Aquele que não procura nem encontra o caminho do movimento de massas não é um combatente, mas um peso morto para o partido. Um programa não é criado para uma redação, uma sala de leitura ou um clube de discussão das direções, mas para a ação revolucionária de milhões de homens. O expurgo do sectarismo e dos sectários incorrigíveis das fileiras da Quarta Internacional é a mais importante condição para o sucesso revolucionário.”

 

A única alternativa para os militantes do POR boliviano é uma profunda autocrítica para mudar da trincheira golpista para a trincheira contra o golpe de Estado, senão vão terminar abraçados ou esmagados pela reação fascista boliviana.

 

 

O acirramento da luta de classes na arena mundial

A América Latina  e o mundo hoje estão convulsionados com as mobilizações no Chile, Equador, Haiti, República Dominicana, Porto Rico, Catalunha, Palestina, Irã, Iraque, Síria, Mali, Argélia, Estados Unidos, Europa, China, etc.

Vivemos a  fase imperialista do capitalismo, dos monopólios, que é a reação em toda linha, época de revoluções e guerras, como as patrocinadas pela França, a Inglaterra e os Estados Unido, tudo com o apoio da ONU, que como disse Lênin de sua antecessora, a Sociedade das Nações, não passa de um covil de bandidos, e da OTAN, seu braço armado assassino.

Assim, na arena mundial há uma polarização e radicalização da luta de classes tendo em vista a profunda crise do capitalismo, estando colocada a alternativa socialismo ou barbárie.

Na Bolívia hoje não é diferente, portanto, defendemos a frente única da COB e do MAS e uma ruptura com a burguesia nacionalista burguesa, no sentido da organização independente do proletariado boliviano contra Camacho e demais golpistas, para derrotá-los não apenas nas urnas, mas sobretudo também nas ruas, com a mobilização dos trabalhadores e dos povos indígenas bolivianos, com o objetivo de um governo revolucionário operário e camponês, rumo à revolução proletária  e ao Socialismo.

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