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As lições da greve na GM em São Caetano do Sul

© foto: Valor

Os operários da General Motors de São Caetano do Sul, no ABC paulista, fizeram um greve de 13 dias por melhores condições de salário (5% de reajuste) e vida, sendo que a diretoria do Sindicato boicotou a luta o todo o movimento e ao final a greve foi encerrada contra a vontade da maioria dos trabalhadores pela pelegada do Sindicado.

Conforme o Portal Autodata, em matéria assinada pela jornalista Soraia Abreu Pedrozo, em 14/10/2021:

“Marcada por desencontros. Assim foi a volta ao trabalho após treze dias de greve na planta da General Motors em São Caetano do Sul, SP. O sindicato dos metalúrgicos local realizou duas assembleias na quinta-feira, 14, para informar aos trabalhadores da decisão do TRT-2, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que orientava o retorno sob pena de multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento.


No entanto o fim da paralisação foi aprovado por minoria presente, pois a maior parte se manifestou por meio de vaias, gritos e rejeição ao que determinou o TRT. O pleito dos operários era por melhores condições de salário e benefícios. Eles reclamavam pelo fato de terem de encerrar a paralisação sem conseguir vale alimentação, aumento real nos salários e pelo fato de a cláusula 42, embora tivesse sido mantida, garantindo a estabilidade aos funcionários que sofreram acidente de trabalho, ainda excluía aqueles que ingressaram na fábrica depois de 2017.”

Os operários ficaram revoltados:

“´Fomos jogados às jaulas dos leões. O sindicato, que tem de defender os direitos dos trabalhadores, mais uma vez mostrou a que veio, defendendo os interesses da empresa. Não é porque um juiz deu uma decisão mandando a gente voltar que temos de cumprir. O juiz não está na nossa pele. As perdas salariais, os desgastes do dia a dia, a insegurança, tantos anos sem aumento. E está havendo pressão das lideranças e do RH para que voltemos a trabalhar´, desabafou um dos funcionários que preferiu manter o anonimato.

O presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, disse a eles que não havia o que ser feito diante da decisão do TRT e que, se a paralisação continuasse, poderia ser considerada abusiva e implicar demissões: ´Apesar de descontentes e de não terem aprovado a volta ao trabalho, eles acabaram entendendo e foram voltando aos poucos. Os que foram embora só terão o dia descontado´.

O sindicalista não acredita em retaliação aos que não retornaram.

No início da noite a GM informou que parte dos empregados do primeiro e segundo turnos havia voltado aos seus postos de trabalho, respeitando a decisão do TRT, e que a fábrica operou parcialmente: “A GM espera pelo retorno das suas operações integrais nas próximas horas”.

Ao todo atuam no chão de fábrica da planta de São Caetano, de onde saem os modelos Joy, Joy Plus, Spin e Tracker, cerca de 4,2 mil operários. Eles conseguiram reajuste de 10,4%, conforme o INPC acumulado nos doze meses encerrados em 31 de agosto. A correção será retroativa a 1º de setembro e a diferença da não aplicação do índice será paga no dia 18. Cidão voltou a afirmar que brigará pelo vale alimentação: “Conversarei com a diretoria. Não deixarei esfriar a discussão em torno desse benefício, fundamental para ajudar na recomposição do poder de compra dos funcionários”.

A empresa também informou, mais uma vez, "que diante do atual cenário econômico e dos impactos provocados pela pandemia, que vem ocasionando longas paradas nas fábricas por falta de componentes, a GM tem feito todos os esforços possíveis para manter a produção e os empregos”.

Pelo menos 5,6 mil veículos deixaram de ser produzidos nesses dias de fábrica parada. A greve teve início em 1º de outubro. Acima fica demonstrada a atuação traidora da pelegada do Sindicato.”  (Idem, 14/10/2021).

O teor da reportagem demonstra claramente a atuação traidora da diretoria do Sindicato.

Nesta conjuntura, o movimento dos trabalhadores protagonizou a greve heroica de 13 dias contra a política da GM, que, neste momento de Pandemia, aproveita-se para explorar ainda mais os trabalhadores, obtendo maiores lucros.

Os operários fizeram uma poderosa greve, inclusive passando por cima da diretoria do Sindicato, da pelegada, rompendo o cerco imposto pelos patrões e o conjunto da burguesia nacional e imperialista, cuja direção da GM pertence.

Os operários da GM de São Caetano, hoje no ABC, são a vanguarda da classe trabalhadora, cumprindo aos mesmos expandir a sua luta para o conjunto dos operários e trabalhadores de São Caetano, do ABC paulista, do Estado de São Paulo e do Brasil.

Para tanto, a tarefa imediata dos operários da GM de São Caetano e dos metalúrgicos da cidade é expulsar os pelegos, visando promover uma Assembleia na porta do Sindicato para a destituição da pelegada.

Além os operários metalúrgicos e o conjunto dos trabalhadores, juntamente com os camponeses pobres têm que superar as ilusões na Justiça burguesa, as ilusões eleitoreiras no parlamento, nos quais as direções burocráticas, conciliadores e pelegas da classe trabalhadora colocam o pleito eleitoral como uma panaceia para todos os males, e tenham bem claro que a derrubada de Bolsonaro e todos os golpistas, assim como a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.

A TML não é contra a participação em eleições, não é esquerdista. Todavia, entende que a participação nas eleições deve estar subordinada à luta concreta dos trabalhadores. Ou seja, a participação nas eleições deve servir para as denúncias da opressão capitalista e para a defesa, agitação e propaganda de um programa operário, o programa da classe trabalhadora na luta diária, visando a mobilização revolucionária.

Para tanto, há necessidade da preparação e organização de uma greve geral pelo conjunto da classe trabalhadora, por tempo indeterminado (e não paralisação de só 1 dia, que serve apenas de válvula de escape, para boicotar e controlar o movimento dos trabalhadores), com comandos eleitos pela base em Assembleia das categorias, buscando forjar uma frente única dos operários, trabalhadores, camponeses pobres e a juventude estudantil, com a participação dos partidos operários, PT, PCO, PSOL, PSTU, PCB, e suas organizações de massas, como MST, MTST, CUT, CTB, INTER SINDICAL, UNE, etc., em defesa das reivindicações transitórias, como escala móvel de salários, com reajustes de acordo com os índices do DIEESE; redução da jornada de trabalho, sem redução de salários; anulação da “Reforma Trabalhista”; contra as “Reformas Tributária e Administrativa”; Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

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