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Trotsky: A arte militar e o jogo de xadrez

Tendência Marxista-Leninista publica abaixo um texto de Leon Trotsky, onde este trata da Arte Militar e do Jogo de Xadrez, na Rússia Soviética revolucionária. A transcrição é de um trecho do livro “Problemas da Guerra Civil”, um discurso de Trotsky, em 29 de julho de 1924, em Moscou, realizado na Sociedade das Ciências Militares, mais especificamente do texto “Saber militar e marxismo”, págs. 65/66, da 1ª Edição, da Editora Antídoto de Lisboa, Portugal, do ano de 1977. Mantivemos a grafia portuguesa da época.

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(...)

“Pode-se mesmo, com o maior êxito, aplicar o marxismo à história do xadrêz. Graças ao marxismo podemos estabelecer o que era a antiga nobreza do género Oblomov (6) que a preguiça que impedia mesmo de jogar xadrez; mais tarde , quando as cidades se desenvolveram, deu-se o aparecimento dos intelectuais e dos comerciantes – e veio a necessidade de exercitar o cérebro, jogando o xadrez. E agora, entre nós, são os operários que vão para os clubes jogar xadrêz. Os operários jogam hoje xadrez porque derrubaram aqueles que os oprimiam. O marxismo explica perfeitamente tudo isso. Pode seguir-se todo o desenvolvimento da luta de classes, fazendo a história da e evolução do jogo de xadrêz.  Afirmo que é possível escrever, seguindo o método de Marx, um livro maravilhoso sobre a evolução do jogo de xadrez. No entanto, é impossível aprender a jogar o xadrêz de maneira marxista.  O jogo de xadrêz, tem as suas “leis”, os seus “princípios”. É verdade que li recentemente que, no tempo de Napoleão, o xadrêz se baseava em manobras – e assim continuou até meados do século XIX, para assim permanecer na época da paz armada – desde a guerra franco-prussiana até à última guerra imperialista – estritamente um jogo “de posição”, ao passo que hoje parece ter-se tornado mais flexível e prestar-se às manobras. É pelo menos o que afirma um jogador americano. É possível que as condições sociais, por caminhos invisíveis, tenham penetrado até ao cérebro do jogador de xadrêz, que, por sua vez os reflecte no seus estilo de jogo, sem mesmo disso se dar conta. Um psicólogo materialista encontraria sem dúvida, neste facto um certo interesse. Mas apesar de tudo, continua a ser impossível aprender xadrêz, de maneira marxista. O marxismo não ensina como utilizar a surpresa, quando necessária para levar a melhor sobre o inatingível Makhno.

  A essência da atividade militar é o conjunto das regras para vencer.  Essas regras – e será isso um bem ou um mal? – estão resumidos nos nossos regulamentos. Serão estes uma ciência? Penso que é impossível qualificar de ciência os nossos regulamentos. São um conjunto de regras e processos dum artesanato ou duma arte.”

Nota do Editor: (6) Oblomov, Ilia Ilitch - personagem do romance de Ivan A. Goutchanov, Oblomov, símbolo da negligência prática combinada com os projectos imaginários.(pág. 98)

*Nota da TML: Será o jogador americano que Trotsky se refere no texto Paul Charles Morphy (1837-1884) ou Harry Nelson Pillsbury (1872-1906)? Ambos foram contemporâneos de Trotsky, mas provavelmente seja Pillsbury que era apenas sete anos mais velho do que Trotsky.

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