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A Revolução Proletária da Comuna de Paris, importante precedente da Revolução Russa (V)

A Revolução Russa, liderada pelo Partido Operário Socialdemocrata russo, o Partido Bolchevique, completou no dia 7 de novembro de 2015, 98 anos, de acordo com o calendário ocidental (pelo antigo calendário russo, ela foi realizada em 25 de outubro de 1917, por isso que também é chamada de Revolução de Outubro).

No mês de outubro, abrimos esta série de artigos, nos quais pretendemos abordar os mais diversos assuntos sobre a Revolução Russa, passando pela Revolução da Comuna de Paris de 1871, importante antecedente, a primeira revolução em que o proletariado conquistou o poder e pela Revolução Russa de 1905,  que embora derrotada, foi uma experiência muito importante da jovem classe operária russa.

Assim, daremos especial ênfase às 3 Revoluções russas, ou seja, a Revolução de 1905, a Revolução de Fevereiro e a Revolução de Outubro de 1917.

Em seguida vamos estudar a Guerra Civil, onde o governo bolchevique enfrentou 14 exércitos imperialistas, saindo-se vitorioso em 1921.

Por último, o desenlace da Revolução Internacional, na época, quer dizer, a Revolução Alemã de 1918 e 1923, a Revolução Húngara de 1919, etc.

Conforme havíamos anunciado, a partir de agora a Tendência Marxista-Leninista dá início à Comemoração do Centenário da Revolução Russa que acontecerá no Ano de 2017, assim estenderemos os nossos estudos já programados pelos próximos 2 anos (2016 e 2017), juntamente com o “Curso Básico de Economia Marxista”, dividido em três partes, a primeira sobre o “Capital de Karl Marx”, a segunda será uma análise crítica do ponto de vista marxista sobre o livro “O Capital no século XXI”, de Thomas Piketty, e o terceiro sobre a obra “A nova Econômica” de Eugênio Preobrajenki, onde será analisada a economia dos estados operários que existiram, como China, URSS, Iugoslávia, Vietnã, etc., e os  existentes como Cuba e Coréia do Norte, sociedades em transição do socialismo ao comunismo, onde havia e há a contradição da lei do valor da economia capitalista com a lei da economia planificada (E.P.) nos estados socialistas.

Mesmo no calor do enfrentamento com a burguesia e o imperialismo norte-americano golpistas, na conjuntura brasileira atual, não podemos descuidar do estudo e da preparação teórica.

Hoje, publicamos mais um verdadeiro tesouro do proletariado internacional, o texto “A FESTA”, sobre a proclamação da Comuna de Paris, publicado em Le cri Du peuple, quinta-feira, 30 de março de 1871, por Jules Louis Joseph Vallès, jornalista, escritor e político revolucionário francês, fundador do jornal Le Cri Du Peuple, que esteve entre os representantes da Comuna de Paris, nascido em 10 de junho de 1832 e falecido em 1885, em Paris, França ( Wikipédia). Ao prestar homenagem ao revolucionário francês, não há como não lembrar de John “Jack” Silas Reed, o jornalista e revolucionário comunista norte-americano, formado pela Universidade de Harvard,  que cobriu e participou da Revolução Russa, autor de “Dez dias que abalaram o Mundo.”, nascido em 22 de outubro de 1887, em Portland, Oregon, EUA, e falecido em 17 de outubro de 1920, em Moscou, Rússia (Wikipédia), na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No cinema, no filme Reds de 1981, foi interpretado pelo ator Warren Beatty, sendo que sua companheira, a também jornalista revolucionária Louise Bryant, foi interpretada pela atriz Diane Keaton. Reds também foi dirigido por Warren Beatty, ganhando vários Oscars.

“A FESTA” reproduzido abaixo foi transcrita do “suplemento de Teoria Marxista e história do movimento operário” da Causa Operária (hoje Partido da Causa Operária - PCO), Ano I – n. 1 – Junho/Julho de 2001, “Comuna de Paris 130 anos”, “O PRIMEIRO GOVERNO OPERÁRIO DA HISTÓRIA.”

“A FESTA

Jules Vallès

Foi proclamada a Comuna.

Saiu da urna eleitora, triunfante, soberana e armada.

Os eleitos do povo de Paris entraram no velho Hôtel de Ville, que ouviu o tambor de Santerre e a fuzilaria do dia 22 de janeiro, sobre este lugar onde o sangue das vítimas da honra nacional e da dignidade parisiense acaba de ser enxugado pela poeira levantada neste dia de festa sob o passo dos batalhões vitoriosos.

Não será mais ouvido o rolar (talvez o correto seja rufar – Nota E.W.) dos tambores de Santerre; os fuzis não brilharão mais nas janelas do Hotel comunal e o sangue não manchará mais a praça de Grève, se o quisermos.

E nós, nós o queremos, não é mesmo, cidadãos!

Foi proclamada a Comuna.

A artilharia, sobre as plataformas, tronava suas salvas ao sol, que dourava sua fumaça cinza sobre a praça. Detrás das barricadas onde havia uma multidão em pé: homens saudando com os chapéus, mulheres com os lenços, o desfile triunfal, os canhões abaixando suas gargantas de bronze, humildes e agradáveis, com medo de ameaçar esta alegre multidão.

Diante da sombria fachada, onde os mostradores dos relógios soaram tantas horas que são já séculos e visto tantos acontecimentos que já são história, sob estas janelas apinhadas de respeitosos espectadores, a Guarda Nacional desfilou recebendo seus vivas orgulhosos e tranquilos.

Acima do estrado, onde estavam os eleitos do povo – pessoas de valor com a cabeça enérgica e séria – o busto da República, que se destacava, branco, sobre o fundo de tapeçaria vermelha, mirava impassível faiscar essa messe de baionetas coruscantes, em meio à qual tremulavam as flâmulas de cores fulgurantes, enquanto subiam ao ar os rumores da cidade, o estrondo do couro e do pelejo de asno, as salvas e aclamações.

Foi proclamada a Comuna em uma jornada de festa revolucionária e patriótica, pacífica e alegre, de embriaguez e solenidade, de grandiosidade e felicidade dignas daquelas que viram os homens em 82 e que nos consola de vinte anos de império, de seis meses de derrotas e de traições.

O povo de Paris, levantado em armas, aclamou esta Comuna, que lhe poupou a vergonha da capitulação, o ultraje da vitória prussiana e que o tornará livre, como o tornou vencedor.

Que não tenha sido proclamada no 31 de outubro! Não importa! Mortos de Bunzeval, vítimas do 22 de janeiro, estais agora vingados!

Foi proclamada a Comuna. Os batalhões que espontaneamente, transbordando as ruas, as plataformas de embarque, os bulevares, soando nos ares as fanfarras dos clarins, fazem saltar o ronco do eco e unir o bater dos corações com o rufar dos tambores, acabam de saudar e aclamar a Comuna, dar-lhe esta promulgação soberana da grande para cívica que desafia Versalhes, - elevam as armas aos ombros, rumo aos subúrbios, enchendo de ruídos a grande cidade, a grande colmeia.

Foi proclamada a Comuna.

É hoje a festa nupcial da Ideia e da Revolução.

Amanhã, soldados-cidadãos, para fecundar a Comuna aclamada e esposada na véspera, será preciso retomar, sempre orgulhosos, agora livres, vosso lugar na oficina e no balcão.

Depois da poesia do triunfo, a prosa do trabalho.

Publicado em Le cri Du peuple, quinta-feira, 30 de março de 1871.”

Esta publicação é uma homenagem também ao Groupe Marxiste Internationaliste, seção francesa do Coletivo Revolução Permanente, do qual somos simpatizantes, que luta por uma nova Internacional Operária Comunista.

Anita Garibaldi

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