Sindicato dos Jornalistas de São Paulo foi palco de um ato de repúdio contra a chamada ‘reorganização escolar’ proposta pelo governo paulista
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) organizou um ato pelo direito de lutar contra o fechamento de escolas e a reorganização da rede estadual de ensino proposta pelo governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A atividade, que aconteceu no auditório Vladimir Herzog, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) na tarde desta quinta-feira (2), reuniu estudantes das escolas ocupadas, professores, advogados e militantes dos movimentos político e social.
Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidente da APEOESP, criticou a violência com a qual a Polícia Militar do Estado de São Paulo esta lidando diante das manifestações dos estudantes, classificando os abusos como “profundo desrespeito”. Bebel também lamentou a tentativa de desmoralização do movimento.
“Ao invés de dialogar e abrir o debate sobre as políticas públicas educacionais, o governo tem enfrentado os estudantes que estão fazendo as ocupações de forma guerreira e persistente”, comentou.
A presidente da APEOSP afirmou acreditar que este é um momento único na história do estado e agradeceu a participação de todos durante o ato. Em sua opinião, mesmo que de uma forma torta, o debate sobre a Educação esta sendo feito.
“Até nós, professores, precisamos de apoio. Porque a reorganização tem impactos negativos para todos. Para os professores, pais, alunos, funcionários e toda comunidade escolar”, disse.
Angela Meyer, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), enalteceu a importância da realização do ato de desagravo ao governo Geraldo Alckmin, mas afirmou ser um absurdo ter de realizar um ato pelo direito de se manifestar contra a reorganização escolar.
“Estamos sendo impedidos pela PM de nos manifestarmos. O único diálogo que o governo estadual consegue ter com os estudantes e com os movimentos sociais é o diálogo do cassetete”, declarou.
Angela comparou a atuação do governo e da polícia paulista com a época do período militar e denunciou ter sido perseguida durante sua permanência nas ocupações das escolas em Piracicaba, no interior do estado, dias atrás.
“Eu não vivi a ditadura militar no Brasil, mas o que estamos vivendo neste momento é algo muito parecido. Desde o momento em que pisei em Piracicaba até sair da última ocupação, tinha uma viatura da PM atrás de mim”, denunciou.
A presidente da UPES também declarou que é muito importante a unidade de todos os movimentos populares perante esta reorganização escolar e o consequente fechamento de quase 100 escolas em todo estado, “porque são os filhos da classe trabalhadora que serão os mais prejudicados”.
O padre Júlio Lancellotti esteve presente no ato e foi um dos que fizeram uso da palavra. Ele afirmou que os alunos que ocupam as escolas “estão de parabéns”. Em sua opinião, são estes jovens que estão dando a melhor aula deste ano.
“Estes jovens nas ocupações estão dando a melhor aula que poderíamos ter, que é uma aula de resistência. Por isso eu digo a eles... Digam não à reorganização escolar”, falou.
O advogado especialista em Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, também fez uso da palavra. Ariel afirmou que é preciso “contar esta escalada de brutalidade e violência” colocada em prática pelo governo paulista. “As cenas dos estudantes sendo agredidos e torturados são inaceitáveis em um estado democrático de direito”, afirmou.
Ele afirmou também que infelizmente o governador Geraldo Alckmin resolveu tratar a questão das ocupações como caso de polícia. “Estamos vendo agora um dos movimentos mais importantes do Brasil contemporâneo. E os jovens, que eram tidos como alienados, estão lutando pelo mais importante no país que é a Educação e estão sendo criminalizados e barbarizados por isso”, comentou.
Douglas Izzo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de São Paulo, em sua intervenção, comentou as ações que a central sindical esta coordenando para apoiar a luta dos estudantes. Izzo também condenou a política comandada pelo governo paulista sob chefia do secretário estadual de Educação Herman Voorwald.
“Não é possível que um governo que tem o papel de cuidar das nossas crianças oferecendo Educação de qualidade realize uma reunião para declarar guerra aos estudantes. Isso é inimaginável em qualquer lugar do mundo. Um governo que declara guerra contra estudantes é um governo tirano. E é por isso que a CUT esta cobrando a saída imediata do secretário Herman e do chefe de gabinete da Secretaria, Fernando Padula”, declarou.
Reorganização Escolar e a revolta dos estudantes
No final do mês de outubro, o governo do estado de São Paulo, através da Secretaria Estadual de Educação, anunciou aquilo que chama de reorganização escolar, que resultará no fechamento de 94 escolas em todo estado. Mais de 300 mil alunos terão que mudar de escola, que serão divididas em ciclos de acordo com a idade dos jovens.
Após a ocupação da Escola Estadual Diadema, no ABCD Paulista, ocorrida na noite do último dia 9, vários alunos de todo estado fizeram o mesmo. Nesta segunda-feira (1), um total de 200 escolas estavam ocupadas, de acordo com dados divulgados pela Secretaria.
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