O governo da Colômbia, do presidente Juan Manuel Santos, e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), representada por Rodrigo Lodoño, o Timoleón Jiménez, celebraram uma “Acordo de Paz”, que concretamente é uma rendição humilhante por parte dos guerrilheiros.
O pretexto do pacto são anunciados como sendo:
“eliminar os fatores apontados no conflito, criar condições para as Farc deixem de existir como guerrilha e se tornem um movimento político e satisfazer minimamente o direito das vítimas à verdade, à justiça e à reparação.”
Para o primeiro item, o governo colombiano se comprometeu a realizar uma reforma agrária e a reduzir a pobreza das áreas rurais.
A grande concentração de terras e a desigualdade estão na origem da luta das Farc – inicialmente um movimento camponês de inspiração marxista (...).”
Com relação ao segundo ponto ao segundo ponto, o acordo já aos ex-guerrilheiros a possibilidade de disputar eleições, com uma cota mínima garantida na Câmara e no Senado.
Por fim, as vítimas serão ressarcidas conforme o impacto da violência em sua vidas, e será criada uma comissão para encontrar e identificar mortos e desaparecidos. O texto, ademais, prevê que os guerrilheiros serão julgados por um tribunal especial, que condenará a penas mais brandas aqueles que confessarem crimes, mesmo que violentos,
Em troca, as Farc se comprometem a deixar as armas (...) e pedir perdão pelos delitos praticados.”
Formalmente, esse “Acordo” depende ainda de votação popular, marcada para 2 de outubro.
O “Acordo” foi intermediado pelo arqui-reacionário Vaticano e pelo governo da burocracia cubana, por intermédio de Raul Castro, sendo que uma das principais cláusulas do mesmo é a criação de uma farsa de “tribunal” que julgará a guerrilha, que terá de entregar as armas. Ou seja, praticamente é a capitulação da guerrilha, porque as condições são draconianas, por exemplo:
“TRIBUNAL ESPECIAL
Serão criados tribunais com juízes colombianos e estrangeiros (nota: com certeza com a participação de norte-americanos - I.R.) para julgar os crimes graves cometidos durante o conflito armado
(...)
DESARME
As Farc deverão deixar as armas em até 60 dias após o acordo final, que deve ser concluído até março, para vigorar o tribunal especial
(...)
CONFISSÃO
Terá pena reduzida quem reconhecer os crimes, após o processo ser avaliado por promotores, vítimas e juízes.
NÃO ARREPENDIDOS
Quem não se arrepender dos crimes ou confessá-los depois irá a julgamento comum” (Folha de S. Paulo, 25/9/2015).
Anteriormente as Farc celebraram acordos com os governos colombianos, sendo que estes não os cumpriram e aproveitaram para perseguir e matar os guerrilheiros. Um desses “Acordos” foi em 1998, com o presidente Andrés Pastrana, que hoje é contra este novo “Acordo”. Posteriormente, tomou posse o presidente facínora, sanguinário e narco-traficante Álvaro Uribe, que também é contra o “Pacto” atual. Uribe é o mentor do atual presidente Juan Manuel Santos.
O problema das Farc é a sua limitação programática: “As FARC propõe 4 reformas nas negociações de paz das quais:
"1. criação da assembleia nacional constituinte na Colômbia aprovada por referendo.
2. Reforma fiscal.
3. Reforma Agrária.
4. Desprivatizar instituições públicas que foram concedidas a iniciativa privada.” (Wikipédia).
A Colômbia vive uma guerra civil há 50 anos. As Farc chegaram a ter aproximadamente 25.000 guerrilheiros e dominar boa parte do território colombiano (hoje os seus efetivos estão estimados entre 8.000/6.000 guerrilheiros), todavia a sua limitação programática salta aos olhos, por defender um programa minimamente democratizante, pequeno-burguês, sem ter uma estratégia marxista-leninista no sentido da defesa de um governo operário e camponês.
Para tanto é imprescindível o trabalho junto ao proletariado colombiano, junto aos sindicatos e às principais centrais sindicais colombianas, ou seja, a Central Unitária dos Trabalhadores da Colômbia (CUT) e à Confederação de Trabalhadores da Colômbia (CTC), por que somente a classe operária, apoiada pelos camponeses, por meio do partido operário marxista-revolucionário pode liderar e levar até o final as tarefas democráticas, como expulsão do imperialismo (que detém bases militares na Colômbia, sob pretexto de combate ao narcotráfico) e a reforma e revolução agrária, com a expropriação das empresas agrícolas, das terras, dos latifúndios, rumo à revolução socialista, com a expropriação da burguesia colombiana, expropriando os meios de produção, as fábricas, dos bancos,, adotando a economia planificada, com o monopólio do comércio exterior.
Devemos salientar o papel contrarrevolucionário do arqui-reacionário Vaticano e da burocracia cubana em intermediar esse “processo de paz”. Com certeza a burocracia cubana está se submetendo às pressões da política dos Estados Unidos para restauração do capitalismo na Ilha, sendo que esta, como o “processo de paz” na Colômbia, se inserem no contexto das disputas inter-imperialista dos EUA e União Europeia contra os imperialismos emergentes da Rússia e da China.
Assim em razão das limitações programáticas das Farc apontadas acima e de sua capitulação, cumpre ao proletariado colombiano construírem um partido operário marxista revolucionário, que seja a seção colombiana de uma nova Internacional Operária Revolucionária.
Ignácio Reis
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