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Golpe de Estado que fracassou em derrubar Hugo Chávez completará 14 anos dia 12/4

A Tendência Marxista-Leninista, buscando sempre contribuir para a elevação do nível de conscientização e organização do movimento operário e popular, publica abaixo o artigo do jornalista João Novaes, originalmente publicado Portal Operamundi.uol, há 4 anos, sobre o golpe de estado fracassado contra o Presidente Hugo Chávez, na Venezuela.
  


“Golpe de Estado que fracassou em derrubar Hugo Chávez completa 10 anos
João Novaes | São Paulo - 11/04/2012 - 09h20
Complô entre mídia e oposição foi rejeitado pela população e aumentou divisão política na Venezuela


Há dez anos, uma série de protestos em Caracas, capital da Venezuela, deu início a um dos golpes de Estado mais curtos da América Latina. Por 47 horas, uma aliança liderada pelos grandes grupos de mídia, empresários, setores da Igreja Católica e militares depôs o presidente Hugo Chávez, impôs um novo chefe de Estado, dissolveu garantias constitucionais e dividiu o país. Sem respaldo da maioria da população, das Forças Armadas e da comunidade internacional, a ação fracassou e o presidente democraticamente eleito foi restituído ao Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano.

Chávez, que atualmente passa por tratamento contra um câncer na região pélvica, continua no poder e tentará uma terceira reeleição no mês de outubro. O governo prepara uma série de eventos até o próximo dia 19 para marcar a resistência popular ao golpe ocorrido há uma década.

Na ocasião, as ruas de Caracas estavam tomadas pelo terceiro dia de uma série de protestos organizados pela oposição em meio à convocação de uma greve geral pela Fedecámaras, maior associação empresarial do país e ferrenha opositora do governo Chávez, e a central sindical CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela). Os opositores alegavam que o movimento era a reação a uma série de medidas adotadas por Chávez por meio de decreto.

A manifestação, que tinha autorização para ocorrer entre o Parque del Este e as dependências da sede da petrolífera PDVSA, se desviou em direção à sede presidencial. Miraflores, por sua vez, estava ocupado por um grande número de simpatizantes das políticas de Chávez.

O encontro dos dois grupos resultou em confronto, envolvendo também policiais e soldados, que teve como saldo 19 mortos e cerca de cem feridos. Enquanto o presidente pedia calma em cadeia nacional de rádio e televisão, líderes de oposição, e empresários acusavam o governo de promover atos de violência contra a população.

A versão dos opositores era amplamente divulgada pelas TVs e jornais privados que, nas semanas que antecederam ao golpe, também apoiaram publicamente as manifestações anti-Chávez. Após a prisão do presidente, os meios de comunicação passaram a enviar repórteres para locais calmos, dando a impressão de um situação de tranquilidade, enquanto os confrontos entre simpatizantes de Chávez e policiais controlados pelos golpistas continuavam intensamente.

O papel da imprensa no golpe de 2002 na Venezuela – chamado por Chávez de “golpe da mídia” – foi tema de um polêmico documentário feito por dois cineastas irlandeses, intitulado A Revolução Não Será Televisionada.

Deposição

Na madrugada do dia 12 de abril, o então ministro da Defesa Lucas Rincón Romero anunciou que o Alto Comando Militar havia solicitado a renúncia de Chávez, e que este teria aceitado. Até hoje não ficou clara a posição de Rincón durante o golpe. Atualmente ele ocupa o cargo de embaixador do país em Portugal. Chávez foi preso e levado à prisão do Forte Tiuna, ao sul da capital.

Horas depois, o presidente da Fedecámaras, o empresário Pedro Carmona, assumiu a Presidência interinamente, sem que o poder tivesse sido passado ao então vice-presidente Diosdado Cabello, como previa a Constituição. Seu primeiro ato oficial foi a dissolução de todos os grandes órgãos democráticos, incluindo o Parlamento, a Assembleia Nacional, o Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral, além de todos os governadores, prefeitos, diplomatas e promotores. Assim como todos os dispositivos legais da Revolução Bolivariana.

Nesse meio tempo, já no dia 12 de abril, um grupo de manifestantes pró-oposição invadiu a Embaixada de Cuba no distrito de Baruta, governado por Henrique Capriles – hoje adversário de Chávez na próxima eleição presidencial. Capriles entrou na embaixada, já sem água e luz, dizendo estar na condição de mediador. Posteriormente, o embaixador de Cuba acusou Capriles de ter organizado o cerco. Capriles chegou a ficar meses preso, sendo absolvido em parte graças a um vídeo que mostrava o diplomata agradecendo a intervenção do então prefeito e atual governador de Miranda.

A posse de Carmona provocou grande revolta na população, que respondeu com passeatas e protestos. As redes de televisão foram rodeadas e a reação popular foi maior em contrariedade ao golpe. No plano internacional, o novo regime não obteve apoio expresso de nenhum país, e oposição de boa parte dos vizinhos, incluindo o Brasil.

No dia 13 e abril, quando os militares já não conseguiam manter coesão e as pressões militares se viraram contra o regime de fato, o vice-presidente Diosdado Cabello é restituído ao poder e, pela madrugada, o entrega a Chávez. O presidente, naquele momento, já havia sido transferido para uma prisão na ilha de La Orchilla, onde escreveu uma carta dizendo que nunca havia renunciado “ao poder legítimo que o povo me deu”.

Finalmente, em 14 de abril, Chávez foi reconduzido ao poder, reeleito em 2006 e atualmente é favorito nas pesquisas para obter um terceiro mandato. Os opositores, por sua vez, até hoje justificam que não houve golpe, mas um vazio no poder que provocou uma reação militar para por fim à desordem.”

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